terça-feira, 19 de julho de 2011

O pesadelo do BHC

Dilmércio Daleffe

Sem saber o que fazer com o Hexaclorobenzeno, inseticida popularmente conhecido como BHC e que tem sua comercialização proibida desde a década de 80, dezenas de produtores rurais do município de São Jorge do Ivaí (município a 100 quilômetros de Campo Mourão) estão deixando o produto ao relento ou enterrando grande número de sacos contendo o pó tóxico ao redor de toda a cidade. De acordo com a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o composto químico pode contaminar o lençol freático e o manancial de água que abastece a cidade.

"Aqui, se juntar todo o BHC existente nas propriedades, é capaz de lotar umas três carretas", adverte César Miguel Candeo dos Santos, da Emater. Segundo ele, os estoques do produto na cidade até hoje, são herança dos tempos do café, quando os produtores utilizavam o BHC para eliminar a broca. Santos explica que, após o abandono dos cafezais em toda a região, já no início dos anos 80, o produto deixou de ter serventia, passando a ser um problema aos agricultores. "Quem não enterrou, está tendo dor de cabeça para se livrar do composto", diz. Segundo ele, em praticamente todas as propriedades existem restos do produto.

João Valter Guidelli, 50, herdou a propriedade do pai há vários anos e, junto com ela, cerca de uma tonelada de BHC. "Eu nunca usei esse produto. Quero é sumir com ele, mas não sei a quem entregar", alega. Até pouco tempo, ele armazenava os sacos em um galpão, na cidade. No entanto, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) exigiu que ele removesse o inseticida para sua fazenda. "Fizeram eu comprar sacos plásticos e armazenar o pesticida na propriedade. Até hoje ele está lá", explica.

De acordo com Alvir Jacó, responsável pela fiscalização do uso e comércio de agrotóxicos pela Seab, hoje, nenhum programa está recolhendo produtos de propriedades rurais do estado. Segundo ele, há quatro anos, o governo recolheu alguns inseticidas e os incinerou. "Ainda neste ano um programa do governo federal deve retirar os insumos proibidos do campo", disse. Até que isso aconteça, os agricultores devem continuar armazenando o pesticida sob galpões. Jacó também informou que, segundo estimativas, cerca de 500 toneladas de produtos como BHC ainda estão depositados em áreas do interior do Paraná.
(Gazeta do Povo - 2004)

Um comentário:

  1. E eu aqui precisando deste veneno. Tenho um quintal que está infestado de pulgas , já tentei de tudo e não consigo elimina-la . Meu quintal tem terra e não tem o que usar para acabar com as malditas.

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