terça-feira, 31 de maio de 2011
Da poeira vermelha aos arranha céus de Hong Kong
Ana Paula, Rodrigo (ao meio) e Dilmércio Daleffe
Dilmércio Daleffe/ matéria publicada no Jornal Tribuna do Interior de Campo Mourão - junho de 2010
Ele não nasceu por acaso como dizem os góticos. Esperto e inteligente, afrontava os professores pela manhã enquanto fazia arte durante a tarde. Era praticamente um moleque de rua. Hoje, aos 32 anos de idade, Rodrigo Daleffe Aires já é um senhor do mundo. Deixou a poeira vermelha para respirar o sucesso do outro lado do mundo, mais precisamente em Hong Kong, na China, onde se transformou no Vice-Presidente de Operações Globais do Banco Santander. Na gíria, ele é o “cara”.
Rodrigo é um daqueles raros casos que se pode contar na ponta dos dedos. Afinal de contas quantos mourãoenses legítimos conseguem fazer sucesso no exterior? Com todo respeito aos nerds – indivíduos que se corroem nos estudos – Rodrigo jamais foi um deles, longe disso. Ele sempre foi, e isso sim, aplicado na escola, na faculdade, nas aulas de inglês e até na catequese. Deixou para trás aquele estigma que só se da bem na vida os aterrados em lições de casa, tarefas. No seu caso, a aplicação e a disciplina aos estudos foi o que mais contou.
Rodrigo é de família tradicional de Campo Mourão. Dirce Daleffe Aires é a mãe, séria e ao mesmo tempo de bem com a vida. Sempre preocupada com o filho, a quem chama até hoje de “nene”. Luciano Andrade Aires, o “Ceará”, é o pai. Foi o cara responsável pelo seu direcionamento na vida. Tranqüilo, gozador, mas disciplinador. Pegue as maiores qualidades dos dois e imaginem o filho. Uma das maiores características de Rodrigo é sem dúvida nenhuma o seu senso de humor. Até nisso ele é aplicado.
A sua trajetória começou ainda nos bancos escolares de Campo Mourão, Santa Cruz e Integrado. Fez intercâmbio durante um ano nos Estados Unidos. Na década de 90 morou em Curitiba, onde fez o segundo grau. Foi para São Paulo onde passou no concorrido vestibular da Universidade de São Paulo, no curso de Administração (FEA). Praticamente ao mesmo tempo já iniciava um estágio no Citybank. Depois disso chegou ao Banco Santander, onde está até hoje. "Fui promovido por diversas vezes e, quando cheguei aos 24 anos me convidaram a mudar para o México", comenta. Aos 32 anos, já conhece 42 países. Destes, trabalhou em 17, incluindo Porto Rico e Espanha. Desde 2008 está em Hong Kong.
Rodrigo fala inglês e espanhol fluentemente e agora está treinando o mandarim, uma das línguas da China. Muitos acreditavam que jamais casaria. No entanto, durante os anos em que morou em San Juan, conheceu a atual esposa, Nanette. Há pouco tempo se casaram nos Estados Unidos. Em sua profissão, Rodrigo tem o cargo de Vice-Presidente de Operações Globais para a América Latina. Basicamente, dá suporte comercial e financeiro a empresas sul americanas interessadas em operar na Ásia, e vice-versa. Ou seja, ele é um alto executivo do Santander que viaja os cinco continentes a hora que for preciso. Para esta entrevista, ele falou de Lima, no Peru. Um dia depois já estava em Nova Yorque. E assim ele vai, deixando os rastros do sucesso.
Na época das vacas magras
Durante os anos 90, quando estudou em Curitiba, Rodrigo saía de casa pela manhã e ia a pé até o Colégio Positivo. Eram aproximadamente 900 metros de percurso. Acontece que em uma das esquinas se deparou com um ladrão de carteiras, destes iniciantes na profissão. Armado com um canivete ele deu voz de assalto e pediu dinheiro. Rodrigo deu o que tinha, algo em torno de R$10. Assustado, Rodrigo mudou o trajeto. Alguns dias depois em outra esquina, os dois se reencontram novamente. Desta vez o marginal roubou sua blusa e foi embora. A trajetória foi outra vez modificada, mas não adiantou. O bandido era persistente. Num terceiro encontro, o bandido o reconheceu e até brincou com ele: “o que você tem aí pra mim hoje”? Levou o tênis. Quando se encontraram pela quarta vez o ladrão se rendeu. “Você de novo? Vai embora, chega de você”, disse. Esta foi a última vez que os dois se viram.
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