segunda-feira, 30 de julho de 2012

Parque industrial está na UTI

Falta de investimentos e de uma fiscalização eficaz levam parque industrial de Campo Mourão a cenário de caos

Cintia Sindesky e Dilmércio Daleffe 

Mato já tomou prédios abandonados



Falta de pavimentação, prédios abandonados, problemas de iluminação e mato. Muito mato. Este é o quadro atual do Parque Industrial Augusto Tezelli Filho, em Campo Mourão. Criado em meados de 1990, o complexo continua gerando empregos. No entanto, os números poderiam ser maiores se os terrenos baldios se transformassem em empresas. Ao todo, o complexo mantém 81 imóveis. Mas 14 deles estão abandonados, a mercê da natureza. São quase 60 mil metros quadrados inutilizados. Atualmente o local mantém indústrias dos ramos de alimentos, vestuário, materiais elétricos e construção civil.   

Há 19 anos instalado no Parque Industrial, o empresário e proprietário de uma marmoraria, Luiz Roberto Cardoso, conta que antes existiam mais unidades no local. No entanto, muitas delas acabaram falindo ou, simplesmente, indo embora. Como conseqüência restaram terrenos e estruturas abandonadas.  De acordo com Cardoso, a solução ideal seria ceder terrenos a novos empresários. Ele informa que muitos conhecidos já demonstraram interesse em adquirir tais espaços.

Mas não é só isso que assusta Cardoso. A insegurança também é grande. No último assalto sofrido pela empresa, há dois anos, todo o estoque de máquinas foi levado, causando um prejuízo de aproximadamente R$18 mil. Problemas com iluminação e trevo de acesso também foram diagnosticados pelo empresário.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão, Alcione Jacob, a falta de uma fiscalização eficaz, desde a implantação do parque, permitiu que os problemas surgissem. Segundo ele, uma das metas da atual gestão era realizar a revitalização total do complexo. No entanto, apenas as empresas que abandonaram os terrenos foram notificadas. Cabe a elas agora construir ou devolver o imóvel à prefeitura. “O problema é mais complexo que pensamos”, admite Jacob. Um dos terrenos pertencentes a uma antiga olaria foi impedido de ser aproveitado. É que, devido a questões trabalhistas o espaço acabou indo a leilão.

Algumas estruturas estão até mais bonitas, cheias de verde

Jacob explica que as empresas notificadas – no caso dos terrenos abandonados - que desejarem construir e usufruir do espaço terão que iniciar as construções ainda este ano. “Ano que vem nós já poderemos notar uma mudança bastante significativa do parque”, garante. Quanto à fiscalização dessas construções, o secretário afirma que há um prazo até que se realize o projeto e limpeza do terreno. Após aprovação do projeto o empresário terá um prazo de quatro meses para iniciar a construção e dois anos para terminá-la.

Os imóveis sem uso, cujos proprietários não tenham intenção de reconstruir, devem retornar as mãos municipais. “Alguns até passaram o terreno para frente, sem o conhecimento da prefeitura. A lei é clara: se você quiser vender, você pode. Mas o município tem que ter conhecimento sobre o processo” afirma o secretário. Ele também reconhece que muitas transferências foram feitas sem a carta de anuência obrigatória.

Além dos terrenos e prédios abandonados, a falta de asfalto dificulta o acesso às empresas, causando diversos transtornos. Jacob diz que no projeto de revitalização do parque, está previsto a realização das melhorias. “Durante esses quatro anos a gente não conseguiu [melhorar] ainda, por causa desses problemas”, lamenta o secretário. Ele ainda ressalta que “a situação do parque hoje não é tão grave como aparenta.”

Mas não é o que os empresários dizem. “A estrutura do parque industrial deixa muito a desejar”, comenta Cardoso. Ele acredita que falta incentivo por parte do poder público e que os terrenos abandonados são uma amostra disso. “Tem empresas abandonadas que viraram residências de antigos funcionários. Ali poderiam existir novas indústrias”, lamenta.

O presidente da Associação do Parque Industrial, o empresário Marcelo de Mello Nogueira, destaca que novas empresas deveriam se instalar no parque, ocupando os terrenos abandonados e colaborando para o desenvolvimento e geração de empregos. “Se não tem empresa para ocupar agora, então que o município as encontre”, diz.


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