Dilmércio Daleffe
Uma mulher bonita, de olhos azuis, ainda bastante jovem e bem vestida. Assim é Letícia Zevir dos Santos, uma doméstica desempregada pega em flagrante na tarde de ontem, após passar uma mentira sobre um empresário de Campo Mourão. Dizendo trabalhar num hospital da cidade, ela realizou uma boa compra numa panificadora do Lar Paraná. Pediu ao proprietário que a cobrasse após as 19 horas no próprio local de trabalho. Ao invés de Letícia, apresentou-se como Karina. O golpe se encaminhava bem até o empresário Valdir Gonçalves lembrar-se da estelionatária “loira” que vinha atuando na cidade. A acompanhou até a saída da empresa e anotou a placa do Fusca de Araruna. Foi aí que Letícia começou a ser desmascarada.
Certo de que havia sido lesado, Valdir então pegou seu carro e seguiu Letícia, o marido e a filha do casal. Os três estavam dentro de um Fusca. O empresário acompanhou a família até Araruna, onde moram. Lá, acionou a Polícia Militar que efetuou a detenção da mulher. No momento do flagrante, a pequena filha do casal comia um biscoito, produto levado da panificadora. Valdir comoveu-se. “Acredito que ela fez o que fez por necessidade. Mas não concordo que também precisasse levar cerveja”, disse. O proprietário afirmou que alguém tinha que parar com as ações de Letícia. “Não podemos aceitar que ela ache que os comerciantes são otários”, ressaltou.
Autuada em flagrante por estelionato, Letícia disse não saber responder porque realizou a ação. “Eu não sei responder isso”, disse. Suspeita por outros dois golpes, ela negou. “Esta foi a única vez que fiz”, garantiu. Mas não será fácil provar o contrário. É que outras ações promovidas no comércio de Campo Mourão são idênticas a ocorrida ontem. Nos últimos meses, comerciantes foram lesados também por uma mulher se dizendo funcionária de um hospital. A golpista de olhos azuis entrou nos estabelecimentos bem vestida e usando um jaleco branco. Por coincidência, também se apresentou como Karina, e fez notas pedindo que fossem cobradas no hospital.
Em um dos casos, ocorrido em uma panificadora na Vila Urupês, ela entrou pedindo para levar pão e frios para pagar depois. Quando o comerciante se deu conta, ela havia enchido uma sacola de produtos. “Eu não pude falar nada, a padaria estava cheia e eu pensei que ela fosse cliente da minha mulher. Ela ainda me disse: nossa como grávida tem fome, sugerindo que estivesse grávida”, falou indignado o empresário que preferiu não se identificar.
No mesmo bairro, uma vendedora de uma loja de brinquedos foi outra vítima. Segundo ela, a loira simulou que conhecia o dono da loja e foi pegando vários objetos. Na hora do pagamento pediu para fazer nota e que a vendedora confiasse em cobrá-la no hospital. Letícia jamais trabalhou em hospitais de Campo Mourão. Ela disse que está desempregada a mais de um ano e, ainda, grávida de cinco meses. Ontem, o marido dela esteve na polícia e afirmou desconhecer os golpes da esposa. No entanto, segundo Valdir, era ele quem a aguardava em frente à panificadora. O esposo alegou também estar desempregado e que a família está necessitada. A Polícia Militar pede que as vítimas dirijam-se até a delegacia para fazer o reconhecimento de Letícia.
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