segunda-feira, 28 de maio de 2012

Em busca de respostas do passado




Dilmércio Daleffe
Escondido do tempo e do homem, um pedaço de terra carregado com resquícios indígenas ainda não revelou seus segredos. Localizado entre os municípios de Barbosa Ferraz e Campo Mourão, o terreno vem mostrando ferramentas antigas, utensílios de barro e pedras misteriosas à comunidade local. Devido ao seu desconhecimento frente a pesquisadores, os objetos encontrados passaram as mãos de lavradores, que ainda se divertem com as histórias e lendas do chamado “Cemitério dos Índios”.
Na verdade trata-se de um sítio arqueológico ainda inexplorado pela comunidade científica. Segundo os proprietários da terra – Sítio São Bento – corpos de indígenas estão ali enterrados, embora não se saiba há quanto tempo. João Batista Xavier conta que chegou ao local ainda em 67 e, desde então, passou a encontrar objetos em meio à plantação. Em sua casa guarda machadinha e outras ferramentas. Até mesmo uma pedra misteriosa, totalmente polida, tirou da terra. “Essa pedra não poderia estar aqui. Foi trazida pelos índios de um outro lugar, distante da região”, diz.


Irmão de João, Osvaldo Xavier também guardou em casa um pedaço de barro trabalhado, possivelmente, uma panela indígena. “Encontrei no local. Não gostamos de falar, mas certamente existem corpos de índios enterrados na propriedade”, diz. Conta ele que, há anos avistou feixes de luz incidindo sobre o “Cemitério dos Índios”. “Não sei o que era, mas dava medo de ver”, descreveu. Hoje, uma grande pedra marca o local onde fica o sítio arqueológico ainda não explorado. Um canavial foi plantado sobre todo o terreno, dificultando ainda mais o trabalho dos pesquisadores. Atualmente, o lugar faz parte do Caminho do Peabiru.
Pesquisador, Doutor e professor da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, Mauro Parolin foi até a propriedade e deparou-se com uma enormidade de vestígios. Somente nos primeiros passos já encontrou fragmentos de vasos construídos por índios e pedras afiadas que serviam como ferramentas. “Estou convencido que realmente se trata de um sítio arqueológico”, afirmou. Durante pouco mais de duas horas no local, Parolin saiu com uma sacola de objetos encontrados em meio a terra, todos ainda na superfície.


De acordo com ele, parte do material deverá ser enviado para análise, a fim de se saber com exatidão o ano em que os indígenas habitaram o local. Para ele, possivelmente se tratam de vestígios da cultura Guarani, os mesmos que habitaram Vila Rica do Espírito Santo, em Fênix, há quase 500 anos. Os achados envolvem pedaços de panelas de barro trabalhadas, fragmentos de urnas e pedras polidas. Quanto maior a demora em proteger o local, maior também a depredação de uma cultura ainda não investigada.

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