sábado, 17 de março de 2012

Carrasco de Stephanie é condenado a 35,9 anos


Dilmércio Daleffe

Alex Sandro da Siva, o assassino da menina Stephanie Bianca Ferreira, de apenas dez anos, foi condenado ontem a 35,9 anos de prisão. O crime aconteceu na manhã do dia 7 de agosto de 2009 e é considerado como um dos mais cruéis já registrados na história de Campo Mourão. Naquele dia, a menina, enteada de Alex Sandro, ficou em casa enquanto a mãe saiu para trabalhar. Indefesa, foi submetida aos horrores de um homem impregnado pelo mal. Foi estuprada e depois assassinada pelas mãos criminosas do padrasto. Seus atos o tornaram um impiedoso assassino. Ele poderia ter optado pelo bem, mas foi derrotado por demônios. Acabou destruindo toda uma família.


Ontem, sob um céu nebuloso e cinza, Alex Sandro compareceu bem cedo ao prédio do Fórum. Não eram nem nove da manhã. Chegou algemado na companhia de policiais. Fazia cara de assustado, mas numa frieza ártica. Não quis responder as perguntas da imprensa. Questionado se Deus o perdoaria pelo crime apenas disse: “Se Deus irá me perdoar, isso é com ele”. Alex Sandro saiu do camburão com algemas nos pés e nas mãos e foi escoltado por policiais até a sala do júri. Ainda na calçada passou ao lado de familiares. Com cartazes, eles pediam justiça. A avó, Lourdes, não agüentou e chorou. “Ele deve pagar por tudo o que fez”, disse. A mãe, Regina, acredita que nem Deus deve perdoá-lo. “Deus não perdoa uma coisa dessas”.


De acordo com relatos, naquele dia a menina havia saído comprar pão perto de casa. Ao voltar, Alex Sandro já tinha decretado sua sentença. A estuprou e depois a estrangulou dentro da própria casa. Mais tarde colocou o corpo de Stephanie no porta malas do carro e o jogou na área rural. Depois disso, numa frieza descomunal, foi até o local de trabalho da mãe, Regina, onde relatou o desaparecimento da menina. A mãe adentrou ao carro e voltou para casa. Juntos, os dois passaram a procurar pela menor. A mãe se desesperava em busca de uma realidade não desejada. Já o padrasto, fingia preocupação, numa atuação nada convincente.


A garota foi morta numa sexta-feira e o corpo encontrado no domingo. Um agricultor que caminhava pelo local percebeu a plantação amassada e, ao entrar na lavoura, encontrou a criança morta. O corpo estava seminu vestindo apenas uma blusa. Alex Sandro trabalhava de segurança e morava com a mãe da criança há pelo menos três anos. Poderia ter sido um “pai” exemplar, sempre buscando os caminhos da verdade. Mas decidiu ser o carrasco da própria família. Acabou com a vida de uma menina indefesa e decretou o fim dos sonhos de Stephanie. Uma criança pobre, mas com a esperança e felicidade ainda por conquistar.

Dias depois Alex Sandro passou a ser o principal suspeito pelo crime. Entregou-se à delegacia de Peabiru, na segunda-feira, dia 10, quando confessou o crime. Disse que momentos antes do abuso, havia chegado do trabalho e bebido um litro de whisky. Um irmão da vítima, de apenas cinco anos, teria escutado os pedidos de socorro da irmã, mas nada pode fazer. Afinal, tratava-se de uma criança ouvindo o desespero de outra.

Transferido para a delegacia de Campo Mourão, Alex Sandro ficou à disposição da Justiça até a terça-feira, dia 11. Mas a demora no pedido de prisão permitiu que ele saísse em liberdade pela porta da frente da delegacia, sem que nada pudesse ser feito. Apenas no dia seguinte, chegou às mãos do então delegado-chefe de Campo Mourão, Haroldo Davison, o pedido de prisão. O acusado, no entanto, já havia fugido, mas no final do mesmo mês foi encontrado e preso em Santa Catarina. Ontem, ele foi julgado e condenado pela lei dos homens. Na teoria, o mal foi vencido. A justiça foi feita. No entanto, na prática, Alex Sandro ainda terá que enfrentar a própria consciência e encarar a culpa de ter sepultado a inocente vida de Stephanie. A sentença dada ao réu bem que poderia lacrar de uma só vez todos os crimes cometidos contra menores. Mas não. Neste exato momento, outra criança está sendo violentada no Brasil.. O mal não acaba.

Menina ainda brincava de boneca





A pequena Stephanie tinha dez anos de idade e ainda brincava com suas bonequinhas. Uma garota esperta, de trato fácil entre as amigas e com muita fé em Deus. Fazia catequese e estudava na quarta série do Colégio Cidade Nova. Sua breve vida se resumia em casa, na escola e nas aulas de catecismo. Apenas isso. Nos finais de semana quase sempre visitava a avó, Lourdes Dias Marcolino, uma senhora sedenta por justiça. Até hoje, ela não se recuperou da perda da neta. “Ele deve pagar pelo crime. Destruiu nossa família”, afirmou.

Embora predomine a raiva, a avó mantém intacto o senso da razão. Revelou que Alex Sandro, apesar do que fez, sempre mostrou ser uma boa pessoa. Ela tinha segurança nos atos do rapaz, principalmente, porque ele tratava a menina como sua própria filha. “Não entendemos porque fez isso. Não imaginaríamos que pudesse fazer uma coisa dessas”, disse.

Stephanie era extremamente carinhosa com os familiares e muito zelosa nos estudos. Cuidava dos caderninhos e, neles, fazia inúmeros desenhos. Era um dos seus caprichos. Mas agora, a menina parou de desenhar. Todos os seus sonhos foram interrompidos. Não existem certezas. Apenas o julgamento entre o bem e o mal.

2 comentários:

  1. Minha melhor amiga de infância. Sempre sera lembrada hoje tenho 20 anos tinha sua idade na epoca. E sua historia marcou minha vida. Não soube compreender na epoca . Mas hoje entendo que quando nascemos mulher somos condenadas.

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