Armando Felix é caseiro de uma ilha no Rio Ivaí há um ano. Na última semana, ele foi surpreendido com a intensidade das chuvas. Com o nível 10 metros acima do normal, ele teve que ser resgatado. Jairo Campanhã, um aposentado, foi o salvador.
Dilmércio Daleffe
Ele trabalha como zelador em uma propriedade rural às margens do Rio Ivaí, há um ano. Na verdade é o caseiro de uma chácara conhecida como “Ilha”, no município de Fênix – 65 Km de Campo Mourão. Habituado ao mato, Armando Felix, de 62 anos de idade, passou por uma situação desesperadora com as chuvas dos últimos dias. Ele teve que ser resgatado do local para não ser “devorado” pela cheia do Ivaí. O salvador foi um dos sócios da área, Jairo Campanhã. Mesmo com a forte correnteza, ele atravessou o rio de bote, trazendo o “ilhado” para um lugar seguro.
Armando foi contratado em 2010 para cuidar da pequena ilha. Na verdade trata-se de um clube particular isolado pelas águas do Ivaí. Uma sociedade composta por 13 pessoas que adquiriu a propriedade com o objetivo de pescar, se distrair, “churrasquear”, como eles brincam. Ao todo são 24 mil metros quadrados. Mas acontece que a chuva do final de semana foi intensa demais. Armando estava sozinho, como na maioria das vezes. O nível do rio estava 10 metros acima do normal e a água já beirava a sua casa. “Se a água subisse à noite, eu ia ter que dormir dentro do bote para me salvar”, disse.
Preocupado com a integridade física do companheiro, na última terça-feira, Jairo decidiu pegar o bote e resgatar Armando. Ele enfrentou uma correnteza jamais vista no rio. “Eu nunca vi uma cheia como esta. Foi a maior dos últimos 30 anos”, disse. Jairo já foi funcionário da prefeitura de Fênix e hoje está aposentado. É um dos sócios mais assíduos do clube. Vendo a intensidade da chuva, não pensou duas vezes. “Me preocupei com a saúde dele e o trouxe de volta”. O nível estava tão elevado que muitas áreas com milho e trigo foram afetadas. Diversos animais foram vistos, afugentados pela extensão da água.
A reportagem da TRIBUNA chegou ao local e encontrou o bote utilizado para o resgate. Mas Armando já havia voltado à cidade. Sã e salvo na casa de uma tia, ele contou toda a história e disse que não ficou com medo. “Se a situação piorasse, eu mesmo voltaria com um outro bote. Não tenho medo. Me jogaria rio adentro”, disse. De acordo com ele, mora há 58 anos na cidade e também nunca viu o rio Ivaí daquela maneira. “Foi só um susto. Amanhã já volto pra lá”, completou. Armando possui 10 filhos e já é bisavô. É o primeiro “ilhado” de toda a região. Não há registros de um outro caso como este.
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