segunda-feira, 22 de agosto de 2011

As torres gêmeas de um pai


Dilmércio Daleffe

Ele voltava de Curitiba quando um acidente interrompeu parte de sua vida. Era 26 de janeiro de 2008. Naquele dia Mariano Machado perdeu de uma só vez a esposa, Diva, e a mais nova das três filhas, Mariane. Embora os dias passem, as coisas nunca mais foram como antes. Mesmo sendo empresário rural, proprietário de uma conhecida pousada na região e vivendo sem a correria do dia a dia, em meio ao campo, não há um só dia em que Mariano deixe de lembrar da tragédia. Um choque jamais esquecido. É por isso que o
Dia dos Pais é uma data em que prefere não mais comemorar.

Mariano segue a lei dos homens. Acredita ainda que a ordem natural da vida consiste no fato dos filhos enterrarem os pais e, não ao contrário. De uma só vez sepultou esposa e filha. Muita gente não agüentaria o que enfrentou. Ele encara as circunstâncias como se tirassem um pedaço seu. Ficou órfão, com o coração em pedaços. Mas a tristeza dos fatos também tem limite. A ausência das duas perdas é, de uma certa forma, amenizada quando recebe a visita das outras duas filhas. Elas moram longe, uma em Rondônia e outra no Mato Grosso. Mas quando chegam, é a maior alegria. O prazer máximo da vida. “As vezes pensamos que estas coisas nunca vão acontecer com a gente. Mas quando fechamos os olhos, já aconteceram”, diz.

Mariano construiu um memorial para perpetuar a história da esposa e da filha. Na própria pousada, em meio ao bosque das gabirobas, duas araucárias cresceram juntas, imponentes, lado a lado, iguaizinhas. Obra do destino ou um simples capricho da natureza? A verdade é que hoje, as duas representam as “Torres Gêmeas”, Diva e Mari, por toda a fortaleza que ainda representam junto à propriedade.

Diva morreu aos 59 anos. Ela idealizou com Mariano todo o projeto para a propriedade se transformar em pousada. Foi uma guerreira. Era a chef de cozinha do local, além de mandar e dar ordens até para o marido. Mariane era publicitária e deixou a vida ainda menina, aos 27 anos. Era meiga, amiga, divertida, um verdadeiro anjo para quem a conhecia. A mais próxima do pai. Dizem que os bons vão embora antes. Estiveram aqui apenas para semear boas lições. Fique em paz Mariano.

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