terça-feira, 9 de agosto de 2011

Cadeirante roubado por desgraçado moral


Dilmércio Daleffe

Um delinqüente moral, certamente viciado em drogas, roubou um cadeirante em plena área central de Campo Mourão durante o último final de semana. Encorajado pela falta de pudor, bom senso, vergonha e caráter, o ladrão queria dinheiro, mas teve que se contentar com um mísero aparelho celular, avaliado em não mais que R$200. A vítima, João Carlos dos Santos, é um deficiente físico de 39 anos que, até então, jamais imaginou passar por uma situação como esta. “Ainda perguntei a ele se não tinha vergonha de assaltar uma pessoa como eu”.

Naquela noite João estava sozinho. Acabara de deixar as duas filhas, de 8 e 12 anos, com a mãe. Ele é separado. Depois disso, foi até o Super Mufatto onde recarregou o celular. Mal sabia ele que havia colocado créditos para alimentar a fúria de mais um viciado da cidade. Uma doença que a cada dia vem se espalhando e, consequentemente, fazendo mais vítimas. Há dois quarteirões dali, o marginal chegou de bicicleta. Parou e deu voz de assalto. Mantinha uma das mãos sob a calça, aparentando estar munido de alguma arma. João disse estar sem carteira e dinheiro. O bandido sem caráter contentou-se com o celular. Fugiu rumo a alguma “boca de fumo” para se rebaixar a mais um traficante. Um mercador da morte.

Mesmo diante da ação, João manteve a calma e não deu a carteira. Venceu o viciado pela persistência. Segundo ele, era um jovem de aproximadamente 20 anos, de cor branca, bem vestido e visivelmente “viajando” sob a química tóxica dos entorpecentes. Trata-se de um ser sem escrúpulos, que perdeu a vergonha na cara. Passou a alimentar-se de vítimas indefesas para saciar o próprio vício. Até onde vai a sua coragem? Quanto pesa a sua cruz?

João, a vítima, é um rapaz novo, nem aos 40 chegou. Veio de Roncador há sete anos e trabalha como telefonista em uma das maiores empresas educacionais da cidade. Diariamente vai e vem com a própria cadeira. É deficiente físico desde que nasceu. Casou-se novamente e a esposa está grávida. Teve que tomar cuidado ao contar a notícia para não assustá-la. As gestantes são instáveis. “Eu nunca pensei que passaria por isso. Achei uma tremenda covardia”, disse. Mas agora, ele está com medo. Foi um choque enfrentar o ladrão. A sua rotina será afetada devido a ação criminosa de mais um dependente químico. Até quando?

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