sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A perseverança de Ercílio




Dilmércio Daleffe
Há alguns meses, Ercílio estudou para um concurso público realizado pela prefeitura de Campo Mourão. A meta era passar no exame como coveiro. Uma única vaga e somente ele como candidato. Mesmo assim, não passou. Foi desclassificado em matemática. Sua persistência é tamanha que não desistiu. Como o cargo não foi ocupado, um novo concurso foi realizado. E lá estava Ercílio novamente. Outra vez, apenas uma vaga. Mas agora três candidatos. Ercílio não passou de novo. Acontece que o sujeito é perseverante. Não desiste nunca. Ele tentará mais uma vez.    
Aos 40 anos, Ercílio Costa tem apenas um desejo: ser coveiro. Um simples profissional do cemitério São Judas Tadeu, em Campo Mourão. Nascido em Assis Chateaubriand, numa família de cinco irmãos, chegou a Campo Mourão aos dez anos. O pai veio trabalhar como caseiro em um sítio. E foi assim, na roça, quando permaneceu até seus 27 anos. Traz consigo até hoje a mesma inocência daquela época. Ainda não tem casa própria e vive junto à esposa e aos filhos, numa alegria de dar inveja a muita gente. 
Mas a obsessão por ser coveiro tem explicação. Querendo oferecer uma vida melhor à família, Ercílio deseja fazer a faculdade de Educação Física. Mas para isso tem que ser coveiro. Ele explica que trabalha numa indústria da cidade já há mais de um ano. Ganha cerca de R$900, acorda às quatro da manhã e chega em casa exausto. Ou seja, não tem ânimo para freqüentar um curso superior à noite. Segundo ele, se passasse no concurso da prefeitura o salário seria praticamente o mesmo, mas com uma diferença: trabalharia menos, sobrando tempo e mais disposição para a faculdade.
A idéia de ser coveiro surgiu ainda em 2011, quando descobriu que não havia candidatos à vaga. Então se inscreveu este ano. “Eu venho lutando para melhorar de vida. Você não tem idéia”, disse. Ercílio batalhou em 2011 a ponto de concluir o segundo grau. Fez o terceiro ano mesmo exausto da rotina do trabalho. “Enquanto existe um sonho, vivemos em função dele. Mas quando o sonho acaba, parece que a vida deixa de ter graça”, afirmou. E é somente por esta razão a luta travada entre ele e sua persistência. Infelizmente, no Natal deste ano, o presente almejado não apareceu. Mas como quem sonha sempre alcança, acreditar ainda vale a pena.         

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