segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
A honestidade cruza o caminho de Cezar
Dilmércio Daleffe
Dois homens, dois cavalheiros honestos e duas histórias que se cruzaram. O primeiro é Luiz Carlos Preiszner, funcionário público da prefeitura de Campo Mourão. Leva uma boa vida quando comparado a outra grande fatia da população. Aos 40 anos de idade é casado e possui dois meninos. O segundo personagem é Cezar de Oliveira. Coincidentemente, também é servidor municipal, só que da prefeitura de Luiziana. Ele é casado, possui 39 anos e tem um filho. Até ontem, os dois personagens desta história jamais haviam se visto. Não se conheciam. Um não tinha noção da existência do outro. Mas o destino os apresentou, e da melhor forma possível: através da honestidade.
Preiszner saiu da prefeitura e aproveitou o horário do almoço para pagar algumas contas na agência do Banco Itaú, em Campo Mourão. Enquanto usava o caixa eletrônico, pensava nas tarefas a fazer. Tinha que levar os filhos à escola, tirar outros extratos, passar em duas lojas e, ainda, voltar ao trabalho sem se atrasar. Com a cabeça atordoada, deixou a carteira sobre a bancada do caixa. Ali ficaram todos seus documentos e mais R$600. Duas horas depois, já na prefeitura, sentiu falta da carteira. O desespero surgiu. Refez então todo o percurso, desde o banco até a última loja. Nada encontrou. Começou então a fazer o boletim de ocorrência (bo) da polícia através da Internet. Em meio ao documento, veio uma ligação: uma pessoa encontrou a carteira e gostaria de devolvê-la.
Quem encontrou a carteira de Preiszner foi Cezar. Trata-se de um “gentleman”, um funcionário público dotado de honestidade e, por isso, uma verdadeiro cidadão brasileiro. Espelhar-se na sua atitude é dever de todos. Conta ele que também estava no Itaú pagando contas, quando viu a carteira sem dono. Sem pestanejar, a apanhou já imaginando o que faria. Imediatamente, saiu da agência e dirigiu-se até o Jornal TRIBUNA. Lá, explicou que estava em posse de uma carteira e gostaria de devolvê-la ao dono. A equipe do jornal localizou o “distraído” Preiszner que logo compareceu à sede do diário. Um grande abraço seguido de agradecimentos marcou o encontro dos dois. O destino finalmente os apresentou, selando uma possível amizade futura.
“Gostaria de agradecer você e dar alguma coisa pela sua atitude”, disse Preiszner. Cezar, dotado mais uma vez de humildade, lembrou que o ato não incluí recompensas. “Você não me deve nada”, afirmou. O servidor de Luiziana recebe cerca de R$1,5 mil mensais. O dinheiro encontrado é quase 50% de sua renda. No entanto, em momento algum pensou em ficar com ele. Há 13 anos, Cezar perdeu sua carteira, também com dinheiro e documentos. Mas não teve a sorte em ter encontrado alguém como ele. Dias depois achou apenas os documentos.
Preiszner também contou que já passou por uma história semelhante. Há quase dois anos, estava na agência do Bradesco, em Campo Mourão, quando encontrou uma carteira recheada com dinheiro, cheques e documentos. Da mesma forma com que agiu Cezar, ele não pensou em ficar com a grana. “Entreguei a carteira para um vigilante do banco. Se ele entregou ao dono, eu já não sei”, disse. A partir de agora, Preiszner e Cezar têm suas vidas ligadas. A realidade dos dias de hoje é dura. Existe mais sacanagem a honestidade. Mas como simples mortais, os dois deixam lições que servem para todos, incluindo vereadores a presidentes.
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