Dilmércio Daleffe
O que faz a solidariedade? Quais
motivos levam o ser humano a buscar recursos aos seus semelhantes? Porque
ajudar o próximo? O que leva gente querer ajudar gente? Aqui as perguntas não
são importantes, e sim, as respostas. Elas se explicam através de atitudes, como
as desempenhadas pela turma do Rotary Campo Mourão Verdes Campos. No último
domingo, 68 pessoas deixaram seus lares, seus sofás, suas tv´s e suas famílias
para promover um café colonial. Os recursos foram revertidos à Casa das
Fraldas, Centro de Terapia e Redenção (CTR), além da Fundação Rotária. Há 18
anos, uma festividade do bem. Uma ação voluntária que, definitivamente, não
transformará o mundo. Mas que deveria ser seguida pelas autoridades,
principalmente, como exemplo à classe política, ao poder público.
O evento aconteceu na tarde de domingo, mas os preparativos
tiveram início muito antes, pelo menos três semanas. Juntos, rotarianos
compraram alimentos, fizeram a comida e serviram fartamente 600 pessoas.
Enquanto parte da equipe se misturava ao suco de laranja e abacaxi, outra
arrumava o salão. Ainda havia membros cortando queijos, enrolando pão de
queijo, tirando as tortas do forno. Um trabalho incessante, voluntário,
cansativo, mas com ternura e paixão. Os olhos de cada rotariano mostravam a
satisfação em trabalhar pela comunidade. Gente do bem, simplesmente fazendo o
bem.
“Isso aqui não é nenhum sacrifício. Para nós, o que vale é
fazer algo por nossa comunidade. Além disso, deixamos o exemplo a ser seguido
pelas autoridades”, disse Olímpio Giovanelli. Rotariano, Olímpio é médico
veterinário. Ele deixou seu sofá e a TV no domingo em busca de recursos a
entidades da cidade. Ele sabe que o dinheiro levantado não mudará o mundo,
mesmo porque o lucro não é grande coisa. Mas, de certa forma, ficou orgulhoso
em colaborar mais uma vez. Sua alegria era visível. Para ele, importante mesmo
é deixar exemplos. Rastros de solidariedade.
Cássio Rogério Bortoli é o presidente da turma. À frente do
Rotary Verdes Campos ele é quem empunha a bandeira. Na verdade trata-se de uma
grande família, sempre movida por nobres causas. Naquele domingo, ele disse que
estaria em casa, provavelmente, assistindo a TV. Mas com o coração inquieto,
também travou a batalha em mostrar que o mundo ainda tem jeito. E será que tem?
Para ele sim. Bioquímico de profissão, ele é daqueles que acredita em ajudar
primeiro a ser ajudado. Em doar a receber. “Vemos as dificuldades do nosso
país. Mas se cada um fizesse sua parte, ele seria menos difícil”, disse.
Como se vê, os heróis de verdade não se fantasiam. Não
utilizam máscaras, calças apertadas e cores berrantes. Não voam, mas tem o
poder de tentar transformar o seu mundo, sua comunidade. Deixam rastros e
exemplos do bem. Nossos heróis não são super seres e muito menos vem de Júpiter
ou de Kromasson 9. Eles são daqui mesmo. São empresários, profissionais da
saúde, comerciantes. Gente simples, sem o poder da caneta. Aquela usada por
presidentes, governadores ou prefeitos. Os seus poderes estão nas atitudes, na
solidariedade e na certeza de que sim, o mundo ainda tem jeito.
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