terça-feira, 3 de setembro de 2013

Casarim encerrou sua jornada. Pedro Henrique começará a dele

O empresário Iderlando Casarim, após ter queimado mais de 50% de seu corpo, e ficar três meses internado, não resistiu e morreu na manhã de domingo. No dia do acidente, ele foi socorrido pela jovem Ranielle Batista dos Santos que, mesmo grávida, teve atitude para abafar as chamas de seu corpo com um cobertor. Quando os destinos de duas pessoas resolvem ser cruzados, ainda mais com ações nobres, o mundo parece ficar mais saudável.  



Dilmércio Daleffe


Foi uma segunda-feira amargurada para Ranielle Batista dos Santos. A menina de apenas 19 anos acordou cedo em Luiziana, apanhou o ônibus e seguiu rumo a Campo Mourão, onde trabalha numa loja de roupas. Ao chegar à empresa, notou que do outro lado da rua, uma placa de luto estampava a corrente do Sushi bar. Acontece que ali mesmo, ainda em junho deste ano, ela socorreu o empresário Iderlando Casarim. Ao mexer com álcool, ele teve mais de 50% do corpo em chamas. Então, correu para rua tentando apagar o fogo. Ao vê-lo, desesperado, a menina não pensou duas vezes e pegou algumas cobertas para tentar abafar as chamas. E conseguiu. Uma ação heróica, ainda mais para uma grávida de seis meses. Mas ontem, ela viu que toda sua atitude foi em vão. O empresário não suportou os ferimentos e, depois de quase três meses lutando pela vida num hospital de Londrina, não resistiu.  

“É um dia muito ruim pra mim. Mesmo que meu filho venha a nascer hoje, não terei como comemorar”, revelou a jovem ontem. Abalada com a morte do empresário, ela nem ligou a caixa de som que, todos os dias, é ligada com música em frente ao estabelecimento onde trabalha. Ranielle explica que, embora não tivesse uma amizade com Casarim, os dois se viam quase todos os dias. Eram vizinhos e colegas de trabalho. Mas o fato de ter ajudado o empresário, naquela manhã de junho, de alguma forma, aproximou os dois. “Vou carregar aquela cena, o seu sofrimento, comigo para o resto da vida. Tento, mas não consigo esquecer o drama que ele passou”, diz Ranielle.

Ainda ontem, a menina foi até o velório de Casarim. Lá, ela foi abraçada e muito elogiada pelos familiares do empresário. No entanto, foi Ranielle quem acabou consolando a família. Disse para que não chorassem, porque Deus sabia o que estava fazendo. Hoje, ela está numa gestação de oito meses e três semanas. “Posso ter meu bebê a qualquer momento”, explicou. Agradecido com sua atitude, o irmão de Iderlando, que mora em Londres, na Inglaterra, ajudará com presentes ao recém nascido. Não se trata de compaixão, mas sim, gratidão. De rosto angelical, Ranielle mede apenas 1,59 de altura. Mas pode considerar-se uma gigante nas atitudes. Católica, acredita fielmente em Deus, e, nos anjos. Nos próximos dias, ou horas, a moça ganhará seu primeiro filho, Pedro Henrique. São as contradições do mundo. Enquanto Casarim cumpriu sua jornada, uma nova vida está surgindo. Pedro Henrique virá em forma de um anjo, nos braços de outro anjo.
  

O fato

Empresário do ramo da gastronomia, Iderlando decidiu eliminar o mato em frente ao seu restaurante de uma forma diferente: com álcool. Primeiro jogou uma quantidade e depois ateou fogo. Como não deu certo, jogou mais com o recipiente próximo ao corpo. Acontece que as chamas ocasionaram a explosão do líquido que segurava. Como resultado, teve cerca de 50% do corpo queimado. Sozinho no local, Iderlando teve tempo para proteger o rosto e correr em busca de socorro até a rua. Seus gritos eram ouvidos longe. Naquele instante muita gente viu a cena, mas não tiveram atitude suficiente para ajudar. Apenas duas pessoas socorreram o empresário: primeiro Ranielle e depois um homem ainda não identificado. Juntos, os dois abafaram as chamas do corpo com a ajuda do cobertor levado pela moça.

Iderlando Casarim viveu intensamente

Pode-se dizer que Iderlando viveu para seus amigos. Não tinha muitos, mas cultivava cada um deles, sempre, com um belo sorriso. Vaidoso, era impecável com suas camisas. Também adorava um bom perfume. E desta forma, também era um galanteador. Ele até dizia que se achava parecido com o ator espanhol Antônio Banderas. Brincalhão, adorava uma piada. Mesmo em tempos ruins, sem grana, dava um jeito. Ele não esquentava muito a cabeça. Já fez de tudo na vida. Mas por último havia sido vendedor de carros e dono do restaurante Sushi Bar. Deixou apenas um filho, Bruno, hoje com 23 anos. Iderlando foi intenso enquanto viveu. Seu sorriso, o alto astral, deixarão saudades.   


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