segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Viviane quer um lugar ao sol
Dilmércio Daleffe
Há dois meses, Na Vila Rio Grande, periferia de Campo Mourão, Viviane dos Santos viveu seu pior pesadelo. A casa em que morava pegou fogo. Para consolidar a tragédia, seu irmão Luiz,de apenas 12 anos, morreu vítima das chamas. Os dois viviam juntos, numa pequena casa velha de madeira, azul e com poucos cômodos. A irmã cuidava e criava o irmão. A fiação era irregular, e ocasionou o incêndio. No momento do fogo, Viviane e Luiz dormiam. Foram acordados por vizinhos. Ela saiu ilesa. Luiz não teve a mesma sorte e morreu horas depois. Apesar de perder quase tudo, Viviane está em pé, lutando contra as lembranças do pequeno menino. Ela ainda chora, e muito. Mesmo assim, decidiu tocar a vida em frente. Casou há um mês, constituiu uma nova casa, mas agora precisa de ajuda para montar sua residência, também azul. Ela necessita de móveis que as chamas levaram.
Viviane é a mais velha de uma família de três irmãos. A mãe é a mesma, mas o pai, não. Praticamente nem sabem de quem eram filhos. Juntos, ainda na infância, vivenciaram cenas de horror protagonizadas pelo alcoolismo da mãe. Ela acabou abdicando do amor pelos três. Os trocou pelo álcool. Como resultado pararam em orfanatos. A mãe passou a residir nas ruas de Cascavel. Antes de morar em casas-lar, Luiz carregou o pesado fardo das ruas, ao lado da mãe, Marli. Entre sarjetas e botecos, viu coisas demais para uma criança. Assistiu sua própria genitora perder-se diante das fraquezas humanas. Luiz morreu ainda inocente, sem ver a recuperação da mãe. Era o seu maior sonho. “Não sei se ela se recuperará um dia. Sei que voltou às ruas. Está com cirrose”, diz Viviane.
Agora Viviane casou-se. Mora numa outra casinha alugada, também pequena e da mesma cor da antiga, azul. Reside no centro da cidade na companhia do marido, Edemilson. Sem recursos financeiros, ela deseja mobiliar sua residência. Dorme num projeto de cama. A estrutura existe, mas não tem estrado. No lugar do sofá da sala está uma cama de solteiro. As louças da cozinha estão ausentes. A ela restou pedir. Não é feio.
Entre a falta da mobília e o que restou de sua vida, sobraram as lembranças daquele menino, Luiz. As lágrimas ainda correm seu rosto. Dias desses tentou o suicídio. Não suportou a dor da perda. Ficou seis dias na UTI da Santa Casa. Quem a ajuda é o marido e “Tigrinho”, o gato de estimação. “Parece que Deus colocou esse gato na minha vida. Ele vem me ajudando a passar os dias”, diz Viviane. Ela também não se sente bem nos finais de tarde. É quando observa crianças voltando da aula. É aí que a imagem a remete às saudades do irmão. “Ele chegava do colégio e deixava seus sapatinhos sujos na porta. Eu os limpava. Tenho saudades. Muitas saudades”. Logo depois do fato, Viviane foi ajudada por membros da Igreja Batista, mais especificamente, pela família do reverendo Dickerson. “Devo muito a Judy, mulher do reverendo. Me ajudou de todas as maneiras possíveis”, disse. Para ajudar Viviane ligue para ela – 9813-2981.
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