domingo, 25 de agosto de 2013

A Internet cruzou os destinos de Patrícia e Bruno

O que poderia estar nas telas de cinema, acabou virando roteiro da vida real. Há 10 anos, Patrícia e Bruno se conheceram através da Internet. De tanto conversarem virtualmente, se apaixonaram, mesmo nunca vendo o rosto um do outro. Em 2006, os dois se casaram e hoje viraram três. É que a pequena Sara chegou. 



Dilmércio Daleffe

Outubro de 2003. Patrícia era uma estudante tímida de 17 anos em Campo Mourão. Bruno tinha 19 e já trabalhava com informática em São José dos Campos, São Paulo. Até então, os dois não se conheciam. Mas um dia, quase sem querer, se encontraram em frente ao computador. Faziam parte de um grupo de conversas de um site evangélico. Juntos, teclaram trocando informações. Não havia nenhum interesse maior que a amizade. Mas acontece que a vida é cheia de surpresas e, meses depois, surgia uma vontade imensa de se verem. Hoje, dez anos depois, Patrícia e Bruno se transformaram em três. A coisa funcionou assim: a internet os aproximou. Deus os escolheu. Um pastor os casou. E a pequena Sara chegou.

O destino parece ter sido traçado muito cedo ao casal. Patrícia morava em Campo Mourão. Tímida, quase não saía de casa. Era a companhia dos pais. A quase 900 quilômetros de distância, Bruno, dono de uma timidez absurda, também nem imaginava gostar de alguém tão cedo. Mas como num roteiro de cinema, naquele dia, naquela hora, algo os levou à frente do computador. “Deus nos escolheu. Não tenho dúvida disso”, acredita Bruno. No início, passaram apenas a se conhecer. Trocaram e-mails e, meses depois, se declararam um ao outro. “Perdi a timidez e falei que estava apaixonada”, disse Patrícia.

Conversa vai, conversa vem, os dois decidiram não trocar fotografias. Gostando um do outro, eles tinham certeza que a paixão era sincera. Acreditavam que, definitivamente, Deus já havia traçado seus caminhos. Patrícia era de Bruno. Bruno era de Patrícia. O amor era tanto que nem mesmo as fotos eram necessárias. Então, em março de 2004, ele veio a Campo Mourão. Chegou cedo e foi até o hotel. Lá, estava aflito e, ao mesmo tempo, ansioso. Mas os minutos passaram e logo Patrícia o chamou. O abraço foi forte. A emoção duradoura. A paixão intensa. O amor verdadeiro. Ali, naquele momento, uma família havia sido formada. Depois de quase sete meses conversando pelo computador, finalmente um viu a fisionomia do outro.

Depois disso, Bruno Rodrigues de Sousa e Patrícia Moraes Scattu Sousa, viajaram bastante para se conhecerem ainda mais. Tantas foram às vezes que ele despediu-se na rodoviária de Campo Mourão, que o casal ficou conhecido pelo pessoal que lá trabalha. “Todo mundo observava a choradeira. Então, passaram a nos conhecer”, lembra Patrícia. À moda antiga, meses depois, Bruno pediu a mão da moça em casamento. Foi outra choradeira. Em abril de 2006, a cerimônia aconteceu.  

Hoje, o casal mora em Porto Alegre, onde Bruno, 28, é analista de negócios. Sara nasceu há três anos. Veio para celebrar a união intensa do amor. A exemplo dos pais, também é bastante tímida. Desde seu nascimento, Patrícia, 26, deixou o trabalho para dedicar-se à filha. Juntos, os três seguem o caminho do bem, da amizade, da família. Vivem um para o outro, numa jornada cujo caminho foi semeado por flores. Apenas flores. E viva a Internet.

Tecnologia em meio ao amor

Bruno e Patrícia contam que iniciaram a relação numa época em que a Internet ainda era precária. Não era banda larga e ainda dependia da discagem – quem passou por isso lembra dos ruídos. Pra piorar não existia Facebook, nem Orkut. “A Internet caía muito. Ficava desesperada pra falar com ele”, diz Patrícia. Ambos acreditam que não fosse o dedo de Deus, não haviam se conhecido. Mas também agradecem a net. O engraçado de tudo isso é que, perguntado se Sara poderá utilizar o mesmo método para conhecer alguém, Bruno é enfático: “não”. 



      

sábado, 17 de agosto de 2013

Paulo Novaes e o caso das vacas magras

Paulo Novaes, ex-prefeito de Goioerê, foi autuado esta semana (16\08) pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Está sendo acusado por maus tratos a cerca de 40 vacas de sua propriedade rural. Segundo laudo de um médico veterinário, os animais estão doentes, tem alimentação inadequada e encontram-se com pouca água.



Dilmércio Daleffe

Ex-prefeito de Goioerê, Paulo Novaes, assinou ontem(16\08), termo circunstanciado na delegacia de Polícia Civil, por maus tratos a cerca de 40 cabeças de gado de sua propriedade. O caso teve início após uma denúncia sobre o “abandono” do rebanho. A pedido do Ministério Público, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) fez averiguação no local e, mediante a um laudo emitido por um médico veterinário, constatou que os animais encontram-se doentes, principalmente, devido a precária alimentação e a falta de água.

De acordo com Claude Wilson dos Santos, policial militar ambiental, ficou constatada a prática de maus tratos aos animais. “No laudo foi verificado que a maioria está doente. Além disso, foi comprovada falta de água e uma alimentação inadequada”, afirmou. Diante dos fatos, Paulo Novaes foi encaminhado à delegacia, onde assinou termo circunstanciado. O policial ainda informou que o ex-prefeito deverá responder por crime ambiental. Ele também terá multa de R$1,5 mil por cada animal doente.



O caso teve início há cerca de 15 dias, depois que dois animais foram encontrados à beira da rodovia, em frente a sua propriedade. No acostamento, duas vacas doentes estavam deitadas já, sem forças para se levantarem. Segundo explicou Simone Bortoluzzi, Presidente da Associação para Melhores Amigos dos Animais (AMAA), entidade de Goioerê, os animais foram abandonados. “Estavam sem água e sem comida”, disse. A partir disso, a associação recolheu apenas uma vaca. A outra já havia morrido. O bicho ganhou nome de Vitória e passou a ser cuidado. Ainda hoje requer cuidados. Depois do episódio, o Ministério Público acatou a denúncia e decidiu fazer uma averiguação. Então designou o IAP para ir até a propriedade.  

Ontem (16\08), Novaes prestou esclarecimentos à polícia. Na saída, disse que os animais não estão doentes, muito menos passando sede, nem fome. “Estão fazendo um verdadeiro carnaval. Tudo por causa da política”, insinuou. Conhecido pelo estilo de boa prosa, Novaes ainda agradeceu a presença da imprensa e se disse satisfeito de ter seu nome levado a todo estado. Ainda aceitou convite para ir até a propriedade mostrar a realidade dos animais. Saiu da delegacia sem poder, uma vez que deveria prestar depoimento ao delegado.



No sítio, o que se viu foi uma propriedade antiga, com falta de manutenção, sem caseiro e com animais doentes e magros. Ele ainda mostrou ração. Mas conforme laudo do veterinário, com pouca eficiência. Uma das vacas havia ganhado bezerro um ou dois dias antes, mas continuava com a placenta dependurada. Observou-se ainda secreção nos olhos de algumas vacas. Novaes mostrou rapidamente o quadro aos jornalistas. No entanto, teve que ir embora acompanhado pela Força Ambiental, escoltado, uma vez que saiu da delegacia sem prestar depoimento ao delegado. Ele tem até o dia 5 de setembro para apresentar sua defesa junto ao IAP.


Novaes foi prefeito de Goioerê entre os anos de 93 e 96. Após deixar a prefeitura acumulou cerca de 80 processos. Por causa disso ainda tem quase todos os bens interditados pela Justiça. Até a propriedade e o rebanho estão bloqueados. “Sou fiel depositário dessas vacas aí. Se quiser levar uma pode levar pra você”, disse. Não se sabe se foi brincando ou não.  

domingo, 11 de agosto de 2013

Indignação e revolta às margens da Usina Mourão

O que fazer para acabar com a poluição das margens da Usina Mourão? Quem são os verdadeiros poluidores: proprietários ou pescadores? E o município, está fazendo sua parte? Como se vê, muitas perguntas, poucas soluções.




Dilmércio Daleffe

A médica Maísa Campos Fernandes de Moraes acaba de adquirir um terreno às margens da Usina Mourão. Mas ela está revoltada. Passou dois dias fazendo uma limpeza no local e, de lá, retirou três sacos repletos de lixo. Sujeira deixada por pescadores de final de semana. Garrafas de cerveja, pinga e conhaque, vidros de perfume e remédios, latas de refrigerante e sardinhas, pets de todos os tamanhos, além de um colchão de molas completamente enterrado. “Estou indignada com o que vi”, disse. Maior foi apenas sua surpresa. É que durante a limpeza, viu como a natureza é mais forte que o homem. No interior de uma das dezenas de garrafas, já quase soterrada, uma planta conseguiu adaptar-se e nasceu forte e verde. Em outro local, outro vasilhame de cerveja acabou engolido por uma árvore. O vidro até hoje intacto, abraçado pela natureza.  

“Estou perplexa com o desrespeito do homem. E, ao mesmo tempo, surpresa com o que a natureza pode fazer”, disse Maísa. Ela é médica em Curitiba e comprou o terreno com o intuito de vir a morar em Campo Mourão nos próximos anos. Segundo a médica, beleza natural como a do Parque dificilmente se vê. “Quantas cidades do mundo gostariam de ter um lugar como esse e não têm”, argumenta. Somente em sua propriedade foram retirados três sacos de 100 litros repletos de lixo. Todo material foi jogado em local adequado na cidade. Embora distante de Campo Mourão, ela faz um apelo para que pescadores que leiam esta reportagem não continuem a poluir a usina. “Que pelo menos levem toda sujeira de volta à cidade. De nada adianta retirar os materiais das margens do lago e sair jogando pela estrada. Ninguém tem o direito de poluir”, disse. Mas mal sabe Maísa que seu trabalho apenas começou. Depois que o nível da água baixar, terá mais lixo a retirar.

Planta nasceu e se desenvolveu no interior da garrafa


Mas quem são os verdadeiros responsáveis pelo lixo depositado no lago? Pescadores de final de semana ou os proprietários de lotes? No caso do terreno da médica, certamente pescadores, uma vez que ali nunca foi habitado. Mas para o Gerente do Parque Estadual Lago Azul, Rubens Lei Pereira de Souza, tanto donos de imóveis quanto pescadores tem culpa. Para ele, falta conscientização ambiental de ambas as partes. “Vemos que pescadores deixam sujeira, sim. Mas os proprietários também poluem com queimadas. É necessário um projeto de conscientização ecológica para que o local não seja destruído”, disse.

Garrafa jogada acabou engolida por uma árvore


Mas se pescadores e proprietários falham, para Rubens, a prefeitura também leva sua culpa. De acordo com o gerente, mesmo pagando-se IPTU no local, faltam mais locais para que a população deposite seu lixo. E quando existe, o município demora a coletar. “Cobramos inúmeras vezes uma posição da prefeitura quanto à coleta. Falta a elaboração de um projeto para que o lixo seja recolhido regularmente”, afirmou. Em tempo: Segundo Rubens, 90% do lixo da usina é reciclável e nada se faz para o mesmo ser reaproveitado. A ideia dele é que, como na cidade, o município passe de chácara em chácara recolhendo o material.

A palavra do município

Procurado, o secretário municipal de Obras e Meio Ambiente, José Marin, disse que o gerente do Parque está equivocado. “Nós fazemos a coleta regularmente, sim. No verão o caminhão passa duas vezes por semana, enquanto que, em outros meses, uma vez na semana”, disse. Ele explica que o município colocou recipientes em dois locais, um próximo à conhecida Associação Banestado e outro na saída da estrada do DER, já quase na rodovia BR-487. “Cada proprietário de terreno deve depositar seu lixo ali, ou até trazer de volta à cidade. Mas a prefeitura não tem responsabilidade sobre outras áreas rurais”, afirmou. Quanto ao lixo deixado por pescadores, Marin alega não poder fazer muita coisa, uma vez que as margens da represa são de responsabilidade do Parque Estadual Lago Azul. “Estamos abertos ao diálogo e sempre dispostos a melhorar a coleta se for preciso”, salientou.

Cartilha voltada a pescadores está em desenvolvimento


Para se combater a inexistência de uma conscientização ambiental, uma cartilha voltada a pescadores de final de semana está sendo desenvolvida pelo Parque Estadual Lago Azul. Nela, estarão informações essenciais para que a poluição seja minimizada. “Vamos orientá-los sobre legislação, lixo, reciclagem e pesca. Até o final do ano estaremos distribuindo ao redor do Parque”, informou Rubens. A iniciativa é positiva e de suma importância. Mas em se tratando de brasileiros, não será surpresa se a cartilha passar a ser um item poluidor a mais, ao lado das garrafas, pets e latas.    

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Fotografias

Céu vermelho, folhas caindo, ventania.
Um ar frio, tempo seco, me admira.
Noite chega, cidade quieta, fico na minha.
Então surgem as sombras, rabiscos, fotografias.