Dilmércio Daleffe
Era um dia qualquer, uma sexta-feira como tantas outras. Naquele início de junho, Ranielle Batista dos Santos acordou às 6h, em sua casa, em Luiziana. Às sete apanhou o ônibus para Campo Mourão, onde trabalha até às 18h numa loja de roupas. Uma rotina realizada já há quase nove meses. Tudo parecia normal, até que, ainda cedo, já dentro da empresa, ouviu um barulho de explosão. Vai até a calçada e avista um homem em chamas. Encorajada pela atitude, apanha um cobertor da loja e avança sobre os gritos de desespero da vítima. Ranielle poderia ter apenas olhado, assim como fizeram várias pessoas que por ali passavam. Mas ao contrário delas, fez a diferença, e salvou a vida de Iderlando Casarim. Um fato chama ainda mais a atenção: a moça está grávida de sete meses. Quando salvou o empresário, abafando o fogo, esqueceu-se da barriga. Ela não acredita em demônios. Apenas em anjos.
Empresário do ramo da gastronomia, Iderlando decidiu eliminar o mato em frente ao seu restaurante de uma forma diferente: com álcool. Primeiro jogou uma quantidade e depois ateou fogo. Como não deu certo, jogou mais com o recipiente próximo ao corpo. Acontece que as chamas ocasionaram a explosão do líquido que segurava. Como resultado, teve cerca de 50% do corpo queimado. Sozinho no local, Iderlando teve tempo para proteger o rosto e correr em busca de socorro até a rua. Seus gritos eram ouvidos longe. Naquele instante muita gente viu a cena, mas não tiveram atitude suficiente para ajudar. Apenas duas pessoas socorreram o empresário: primeiro Ranielle e depois um homem ainda não identificado. Juntos, os dois abafaram as chamas do corpo com a ajuda do cobertor levado pela moça.
“Parecia coisa de filme. Nunca imaginei que veria uma cena dessas”, disse Ranielle. Segundo ela, quando viu o homem gritando e correndo, lembra que não pensou em nada, além de querer ajudar. “Peguei a coberta, esqueci da minha gravidez e corri até ele. Um homem ainda me ajudou a apagar o fogo”, lembra. Apesar de não ser bombeira, Ranielle conta que já participou de palestras sobre incêndios. Foi pelos ensinamentos quando decidiu apanhar a coberta. Tanto é que, após abafar o fogo, impediu que outras pessoas jogassem água sobre a vítima. “Quando olhei para o lado, minhas companheiras já carregavam água em baldes para jogar sobre ele. Disse que não era para jogar”, disse. Depois de apagado o fogo, o empresário foi levado pelos bombeiros até o hospital. Hoje, ele está sedado no Hospital Universitário de Londrina.
Ranielle, embora grávida, ainda é uma menina de 19 anos. De rosto angelical, mede apenas 1,59 de altura. Mas pode considerar-se uma gigante nas atitudes. Católica, acredita fielmente em Deus, e, nos anjos. Ainda esta semana, ela disse ter chorado e se emocionado com a situação com que Iderlando ficou. “Torço para que ele se recupere e fico feliz em saber que, de alguma forma, pude ajudá-lo”, revelou. Em dois meses a moça ganhará seu primeiro filho, Pedro Henrique. Mais um anjo, nos braços de outro anjo.
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