domingo, 16 de junho de 2013

Havia um pato no meio do caminho

“Lolo”, o pato endiabrado - Uma história quase irreal. Uma família em pânico. Um pato mau humorado. O que fazer quando o cão de guarda é uma ave? Como entrar e sair de casa sob a pressão de ser pego por “Lolo”, o pato endiabrado?
Dilmércio Daleffe
 
 
 
Tudo começou assim: Há menos de um ano, o menino Alif de Souza, de sete anos, ganhou de seu pai um coelho e um pato. Ainda pequenos, os dois cresceram juntos e, por esta razão, tornaram-se companheiros. Tanto é que o coelhinho dormia sobre o pato. Mas depois de alguns meses, o peludo desapareceu. Residindo no sítio da família Souza, o coelho sumiu entre o mato e jamais apareceu. Pior para “Lolo”, o pato, que segundo a turma, ficou desnorteado com sua ausência. Resultado: O pato cresceu revoltado. Hoje, não há uma só pessoa nas redondezas que ainda não tenha corrido de “Lolo”. Agressivo, ele busca confusão com todos os visitantes e familiares que chegam à propriedade. O fato é tão peculiar que, para cuidar da casa, à noite, três cães ficam amarrados latindo. Mas quem pega é o pato.
Há alguns meses, Márcia Souza chegava ao sítio quando foi recepcionada por “Lolo”. Com medo, ela -+bem tentou correr. Mas caiu, sendo a primeira vítima do animal. Teve ferimentos nas pernas e braços, todos ocasionados pelos “beliscões” do pato. Além dela, os filhos e alguns vizinhos também correram do bicho. Assustada com o seu comportamento, ela decidiu doá-lo a sua mãe, que mora em outro sítio, também em Campo Mourão.
Depois disso, Márcia passou a sair e chegar em casa com mais tranquilidade. No entanto, agora, quem passa apurado com “Lolo” é a turma de Vilani Souza de Lara. “Todo mundo tem medo do pato. Meus netos não podem nem mais brincar no terreiro, de tanto corridão que já levaram”, disse. Quando o menino mais velho decide sair da varanda da casa, vai somente na companhia da vassoura. O mais novo não vai de maneira alguma. Tudo por causa da ira do bicho.
“Não sabemos porque ele ficou nervoso assim. Mas ficou depois que o seu amigo coelho sumiu”, revela Vilani. Segundo ela, há alguns dias, sua filha voltava da cidade. Havia ido a uma consulta médica devido a recente cesariana. Ao chegar no sítio e, sem poder correr – ainda estava sob cuidados da cirurgia – foi recepcionada por “Lolo”. Mais uma vez, uma correria, uma gritaria. O animal parece ter se escondido para abordá-la. E é sempre assim. Alguns membros da família que o pato não gosta – como o marido de Vilani – ele já espera no carreador. Vez ou outra, a ave é “guardada” junto aos porcos. Num cercadinho, fica lá até a visita ir embora. Senão o bicho pega.
Filha de Vilani, Mayara atenta para o fato do animal gerar muita alegria na casa. “Apesar da falta de receptividade e do seu mau humor, damos muitas gargalhadas com ele. Mesmo com seu nervosismo, jamais deixamos que alguém o machuque. Ele é diferente”, disse. Hoje, segundo ela, quem faz a segurança da casa é o “Lolo”. “Ele deve afugentar ladrões, além de outros bichos, como cobras. Ninguém sabe”, disse. Na propriedade, quem canta de galo é o “Lolo”. Nem os cães ousam desmerecê-lo. Nas últimas semanas, a família decidiu presenteá-lo com uma namorada, pra ver se ficava mais calmo. Mas enquanto ela nada o dia todo na lagoa, abaixo da casa, ele prefere ficar rodeando a residência, fazendo novas vítimas. O bicho é mesmo muito mau humorado. 
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