quarta-feira, 26 de junho de 2013
E a chuva aprontou de novo...
E a chuva aprontou de novo... Na comunidade de Águas de Jurema, próximo a Campo Mourão, sofrimento foi pouco.
domingo, 23 de junho de 2013
Ranielle salvou Iderlando
Dilmércio Daleffe
Era um dia qualquer, uma sexta-feira como tantas outras. Naquele início de junho, Ranielle Batista dos Santos acordou às 6h, em sua casa, em Luiziana. Às sete apanhou o ônibus para Campo Mourão, onde trabalha até às 18h numa loja de roupas. Uma rotina realizada já há quase nove meses. Tudo parecia normal, até que, ainda cedo, já dentro da empresa, ouviu um barulho de explosão. Vai até a calçada e avista um homem em chamas. Encorajada pela atitude, apanha um cobertor da loja e avança sobre os gritos de desespero da vítima. Ranielle poderia ter apenas olhado, assim como fizeram várias pessoas que por ali passavam. Mas ao contrário delas, fez a diferença, e salvou a vida de Iderlando Casarim. Um fato chama ainda mais a atenção: a moça está grávida de sete meses. Quando salvou o empresário, abafando o fogo, esqueceu-se da barriga. Ela não acredita em demônios. Apenas em anjos.
Empresário do ramo da gastronomia, Iderlando decidiu eliminar o mato em frente ao seu restaurante de uma forma diferente: com álcool. Primeiro jogou uma quantidade e depois ateou fogo. Como não deu certo, jogou mais com o recipiente próximo ao corpo. Acontece que as chamas ocasionaram a explosão do líquido que segurava. Como resultado, teve cerca de 50% do corpo queimado. Sozinho no local, Iderlando teve tempo para proteger o rosto e correr em busca de socorro até a rua. Seus gritos eram ouvidos longe. Naquele instante muita gente viu a cena, mas não tiveram atitude suficiente para ajudar. Apenas duas pessoas socorreram o empresário: primeiro Ranielle e depois um homem ainda não identificado. Juntos, os dois abafaram as chamas do corpo com a ajuda do cobertor levado pela moça.
“Parecia coisa de filme. Nunca imaginei que veria uma cena dessas”, disse Ranielle. Segundo ela, quando viu o homem gritando e correndo, lembra que não pensou em nada, além de querer ajudar. “Peguei a coberta, esqueci da minha gravidez e corri até ele. Um homem ainda me ajudou a apagar o fogo”, lembra. Apesar de não ser bombeira, Ranielle conta que já participou de palestras sobre incêndios. Foi pelos ensinamentos quando decidiu apanhar a coberta. Tanto é que, após abafar o fogo, impediu que outras pessoas jogassem água sobre a vítima. “Quando olhei para o lado, minhas companheiras já carregavam água em baldes para jogar sobre ele. Disse que não era para jogar”, disse. Depois de apagado o fogo, o empresário foi levado pelos bombeiros até o hospital. Hoje, ele está sedado no Hospital Universitário de Londrina.
Ranielle, embora grávida, ainda é uma menina de 19 anos. De rosto angelical, mede apenas 1,59 de altura. Mas pode considerar-se uma gigante nas atitudes. Católica, acredita fielmente em Deus, e, nos anjos. Ainda esta semana, ela disse ter chorado e se emocionado com a situação com que Iderlando ficou. “Torço para que ele se recupere e fico feliz em saber que, de alguma forma, pude ajudá-lo”, revelou. Em dois meses a moça ganhará seu primeiro filho, Pedro Henrique. Mais um anjo, nos braços de outro anjo.
terça-feira, 18 de junho de 2013
domingo, 16 de junho de 2013
Havia um pato no meio do caminho
“Lolo”, o pato endiabrado - Uma história quase irreal. Uma família em pânico. Um pato mau humorado. O que fazer quando o cão de guarda é uma ave? Como entrar e sair de casa sob a pressão de ser pego por “Lolo”, o pato endiabrado?
Dilmércio Daleffe
Tudo começou assim: Há menos de um ano, o menino Alif de Souza, de sete anos, ganhou de seu pai um coelho e um pato. Ainda pequenos, os dois cresceram juntos e, por esta razão, tornaram-se companheiros. Tanto é que o coelhinho dormia sobre o pato. Mas depois de alguns meses, o peludo desapareceu. Residindo no sítio da família Souza, o coelho sumiu entre o mato e jamais apareceu. Pior para “Lolo”, o pato, que segundo a turma, ficou desnorteado com sua ausência. Resultado: O pato cresceu revoltado. Hoje, não há uma só pessoa nas redondezas que ainda não tenha corrido de “Lolo”. Agressivo, ele busca confusão com todos os visitantes e familiares que chegam à propriedade. O fato é tão peculiar que, para cuidar da casa, à noite, três cães ficam amarrados latindo. Mas quem pega é o pato.
Há alguns meses, Márcia Souza chegava ao sítio quando foi recepcionada por “Lolo”. Com medo, ela -+bem tentou correr. Mas caiu, sendo a primeira vítima do animal. Teve ferimentos nas pernas e braços, todos ocasionados pelos “beliscões” do pato. Além dela, os filhos e alguns vizinhos também correram do bicho. Assustada com o seu comportamento, ela decidiu doá-lo a sua mãe, que mora em outro sítio, também em Campo Mourão.
Depois disso, Márcia passou a sair e chegar em casa com mais tranquilidade. No entanto, agora, quem passa apurado com “Lolo” é a turma de Vilani Souza de Lara. “Todo mundo tem medo do pato. Meus netos não podem nem mais brincar no terreiro, de tanto corridão que já levaram”, disse. Quando o menino mais velho decide sair da varanda da casa, vai somente na companhia da vassoura. O mais novo não vai de maneira alguma. Tudo por causa da ira do bicho.
“Não sabemos porque ele ficou nervoso assim. Mas ficou depois que o seu amigo coelho sumiu”, revela Vilani. Segundo ela, há alguns dias, sua filha voltava da cidade. Havia ido a uma consulta médica devido a recente cesariana. Ao chegar no sítio e, sem poder correr – ainda estava sob cuidados da cirurgia – foi recepcionada por “Lolo”. Mais uma vez, uma correria, uma gritaria. O animal parece ter se escondido para abordá-la. E é sempre assim. Alguns membros da família que o pato não gosta – como o marido de Vilani – ele já espera no carreador. Vez ou outra, a ave é “guardada” junto aos porcos. Num cercadinho, fica lá até a visita ir embora. Senão o bicho pega.
Filha de Vilani, Mayara atenta para o fato do animal gerar muita alegria na casa. “Apesar da falta de receptividade e do seu mau humor, damos muitas gargalhadas com ele. Mesmo com seu nervosismo, jamais deixamos que alguém o machuque. Ele é diferente”, disse. Hoje, segundo ela, quem faz a segurança da casa é o “Lolo”. “Ele deve afugentar ladrões, além de outros bichos, como cobras. Ninguém sabe”, disse. Na propriedade, quem canta de galo é o “Lolo”. Nem os cães ousam desmerecê-lo. Nas últimas semanas, a família decidiu presenteá-lo com uma namorada, pra ver se ficava mais calmo. Mas enquanto ela nada o dia todo na lagoa, abaixo da casa, ele prefere ficar rodeando a residência, fazendo novas vítimas. O bicho é mesmo muito mau humorado.
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domingo, 9 de junho de 2013
Omar teve a vida devassada
Tudo o que ele sempre quis foi ser forte. Para isso correu, se exercitou, ficando com um corpo “sarado”. Mas um dia decidiu se auto fotografar despido. Queria ver como ficava. Mas as fotos foram roubadas. Hoje, Omar paga o preço do preconceito e da difamação.
Dilmércio Daleffe
Omar Cardoso da Silva é um cara normal. Ganha a vida como cabeleireiro há 14 anos em um pequeno salão na área central de Campo Mourão. Assim como todo cidadão, paga suas contas e trabalha para receber seu dinheiro. Casado, tem uma rotina comum como qualquer outro marido. Mas, desde o final do último ano, algo fugiu do controle. Atleta e dono de uma vaidade descomunal, Omar decidiu se auto fotografar. E nu. Seu erro foi ter colocado as fotos em uma área restrita do Facebook, onde apenas ele e outros poucos “amigos” tinham acesso. Mesmo tratando-se de retratos artísticos, suas fotografias foram, segundo ele, “roubadas” e disseminadas a milhares de pessoas. A partir daí uma avalanche caiu sobre sua cabeça. “Já fui chamado de pederasta, homossexual além de vários outros nomes que prefiro nem dizer”, disse. Omar está sendo vítima de preconceito e discriminação.
Aos 35 anos de idade e, atleta disciplinado, Omar decidiu iniciar uma maratona contra ele mesmo. Há vários anos começou a correr pelas ruas da cidade. Hoje, percorre quase 40 quilômetros por dia. Vendo seu corpo transformar-se, gostou, e quis mais, passando a exercitar-se como um verdadeiro narcisista. Com os músculos definidos, aprendeu a valorizar o físico. A cultuação foi tão grande que quis ver a si próprio através das lentes. Então improvisou uma máquina dentro do salão, fechou as cortinas e despiu-se. “Fiz fotos artísticas de mim mesmo. As fotos eram para mim. As coloquei num arquivo meu, mas as pegaram sem meu consentimento. Jamais as mandei para alguém. Mas houve uma trairagem”, relatou.
No entanto, para espanto e surpresa, viu que seu nu artístico explodiu na cidade. Há alguns meses não se falava de outra coisa. Omar, embora contrariado, começava a ser punido mesmo sem ser ouvido. “A sociedade me julgou e me condenou sem eu poder ter explicado o que aconteceu”, disse. Hoje, segundo ele, até crianças passam em frente ao salão e o xingam. Alguns atiram objetos na calçada. “Notei que pessoas viraram a cara e que o preconceito na cidade é muito grande”, disse. De acordo com Omar, apesar de ter amigos gays, ele não é um deles. “Tenho amigos homossexuais e não tenho nada contra isso. Mas gostaria de dizer que sou casado e adoro minha mulher. Sou hétero”, afirma.
Omar esclarece que pratica ginástica de calistenia, ou seja, buscar pela exercitação a harmonia do corpo. Desta maneira faz apologia de exercícios na cidade, tanto é que ficou conhecido como “Night Runner” – o corredor da noite. “Busco estimular a população a correr, fazer ginástica. Jamais bebi ou usei drogas. Nunca cometi infrações na minha vida. O que não quero é ser comparado com um criminoso”, disse. Hoje, define as fotos tiradas como uma avaliação laboratorial, fruto de um atleta narcisista. Ele lembra que em tempos antigos, romanos e gregos esculpiam estátuas de homens nus, simplesmente, para valorizarem a forma máscula de seus guerreiros. “Não me arrependo do que fiz. Amo esta cidade e a sua cultura. Só não quero ser julgado por algo que não sou”, finalizou. Antes de terminar a entrevista, Omar se deixou ser fotografado. Mas desta vez, vestido.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Itamar está sendo esquecido
Por 50 anos trabalhou e atuou dentro das quadras apenas por ideologia. Não ganhou dinheiro por escolha própria. Afinal, jamais quis misturar dinheiro à formação de seus atletas. Mas hoje, tudo o que fez pela cidade parece ter sido esquecido.
Dilmércio Daleffe
Cinquenta anos é muito tempo. É um casamento, pode ser uma idade, uma vida. Mas durante 50 anos um homem viveu um sonho em Campo Mourão. Dedicou cinco décadas ao futebol. Formou atletas, disciplinou meninos e levou o nome da cidade aos mais longínquos cantos do país. Itamar Agustinho Tagliari treinou mais de mil crianças. Ao lado delas, foi campeão por diversas vezes. Com o tempo as viu crescer e, elas, o viram envelhecer. Hoje, aos 65 anos, Itamar olha o passado e reflete toda uma vida. Colaborou com cidade e jamais ganhou dinheiro com o futebol. Pelo contrário. Junto a escolinha criada com o pai e a família, a Associação Tagliari não existiu para florear grana. Era apenas uma ideologia. Um simples sonho entre pai e filho. A ideia deu certo e os resultados logo apareceram.
Mas o homem que viveu para o futsal parece não ter recebido as homenagens devidas. As glórias de Itamar foram esquecidas. Tudo o que fez pelo futebol de Campo Mourão parece estar sendo deixado de lado, assim como os troféus da extinta Escolinha Tagliari. Lá, numa sala empoeirada e com as tábuas do teto despregando, os “canecos” descansam por anos e anos. Foram títulos sonhados e conquistados por Itamar. Todo um trabalho ali guardado refletido pelo suor. E foi ali, naquele local onde a conversa sobre sua vida começou.
Itamar nasceu em Arapongas, ainda em 48. Anos depois veio a Campo Mourão de mudança com os pais. Aqui a família ganhava a vida comprando e vendendo porcos. Mas a herança genética da família falou mais alto. O problema é que Itachir era craque. E, assim como ele, Itamar e os demais irmãos nasceram com fome de bola. Ainda na adolescência cada um jogava num time da cidade. Na hora do almoço a briga era inevitável. Cada um defendia sua equipe. Mas cansada das discussões, a mãe implorou por um único presente: ela queria que seus filhos jogassem juntos, no mesmo time. E assim aconteceu. Os conflitos terminaram e os meninos iniciaram uma história sem precedentes.
Com a equipe formada, a Associação Tagliari iniciou em torneios adultos. Tantas foram as vitórias que passaram a defender Campo Mourão na região, no Paraná e depois no Brasil. Os meninos de pernas tortas ganharam fama, ficando conhecidos no futebol de salão. O desejo pelo futsal era tanto que a família construiu uma das primeiras quadras da cidade, ainda em 73. Numa matéria escrita na época pelo jornalista Antônio de Matos, o local foi definido como o mais moderno da região. “É que tínhamos arquibancada de madeira, lanchonete, alambrado. Isso era moderno para aquele ano”, diz Itamar. O time adulto existiu somente entre os anos de 68 a 81.
Em 1980, numa conversa com o pai, Itamar decidiu montar uma escola de futsal. Era um projeto modesto, sem grandes objetivos, mas que buscava a formação de atletas. No início eram apenas 12 meninos. Mas com o tempo, chegaram a 300 de uma só vez. Divididos em categorias, eles somaram mais de mil ao longo da “escolinha”. Itamar acompanhava todos os passos da Associação Tagliari. Era o treinador, o chefe e o marqueteiro. Acima de tudo, era um disciplinador. Almejou a disciplina e todos os dias, antes dos treinos, falava sobre os males do cigarro, da bebida, drogas. Não esquecia de mencionar a educação. Os meninos tinham que estudar e respeitar seus pais.
Respeitado e, com os garotos na mão, os títulos foram aparecendo. Foi campeão paranaense por inúmeras vezes em todas as categorias. Chegou a defender o Paraná em torneios brasileiros. Com o conhecimento adquirido, trouxe a Campo Mourão equipes como São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Vasco da Gama. Itamar deixou um rastro de paixão e história no futebol. Mas ao contrário de ganhar dinheiro, era levado pela emoção. “Eu tinha um açougue na época. Tirava dinheiro de lá para injetar na escola. Nunca quis envolver o futebol com dinheiro”, disse. Além disso, Itamar lembra que tinha uma parceria muito boa com os empresários. Recebia patrocínio para as camisas e ônibus para viajar. Mas ele também revela um sonho jamais realizado. Queria ter um ginásio, com condições ideais aos atletas. Bons vestiários, estrutura adequada e um ônibus para o transporte. “Infelizmente nunca consegui isso. Se fosse para ter hoje, só ganhando na mega-sena mesmo”, brinca.
Em tempo. Itamar ainda foi vereador por duas gestões e secretário de Esportes na gestão Tureck. Pelo reconhecimento foi técnico do time profissional de futsal de Campo Mourão por mais de oito anos.
Um homem em busca do passado
A verdade é que Itamar, ou o Tio Itamar, jamais entrou em quadra para perder. Inteligente, ele sempre dobrou os meninos para aprenderem a jogar. Já está no sangue da família. Certa vez, na Taça Independência em Londrina, início dos anos 80, a equipe “Fraldinha” de Campo Mourão seria campeã do torneio caso ganhasse a última partida contra o Corinthians. No entanto, se a Tagliari perdesse, a equipe campeã seria a dona da casa, Londrina. Antevendo a reação da torcida, Itamar reuniu os meninos no vestiário e usou a psicologia invertida. Disse que os torcedores iriam gritar a favor de Campo Mourão. Que todos queriam ver a Tagliari vencer. Então, que sorrissem e fizessem gestos positivos à arquibancada. Assim que a molecada entrou em quadra a plateia começou a gritar. Mas não eram incentivos. Eram vaias mesmo. Pensando o contrário, os meninos nem sentiram a pressão e venceram a partida. De lambuja ainda ficaram com o título. Coisas de Itamar.
Hoje, olhando seu passado, Itamar fez muito pelo futebol. Deixou um legado monstruoso de títulos e amigos. Aqueles atletas cresceram e se transformaram em homens. São médicos, juízes, promotores, empresários, advogados, dentistas, pessoas comuns e de bem. Todas com a disciplina imposta pela Associação Tagliari. Mas o que adianta tudo o que fez se os poderes Legislativo e Municipal jamais se atreveram a eternizar a memória daquela “escolinha”? Nem título Itamar recebeu. A CBF tem sua sala de troféus, um museu cuja memória está preservada. Os times brasileiros possuem seus museus. Campo Mourão também possui, mas está as migalhas. Alguém se habilita?
Histórias de uma extinta e memorável escolinha
Certa vez, a equipe do Corinthians veio até Campo Mourão para um amistoso contra a Tagliari. Sem muita tradição no campo, os meninos foram escalados para desafiar o “Timão” no Estádio Municipal. Era um domingo de manhã. Durante a semana a rádio anunciava o jogo. Mas naquele dia, o sol não apareceu e uma leve garoa predominou ainda cedo. Pra piorar, um friozinho deu o ar de sua graça. O resultado não podia ser outro: mesmo com os portões abertos, ninguém apareceu para torcer pelos mourãoenses. O jogo então teve início. Numa dureza, o Tagliari fez um a zero. Enquanto isso duas rádios da cidade transmitiam o duelo. O primeiro tempo terminou com vantagem para Campo Mourão.
Enquanto os meninos desceram para o vestiário, o público encheu o estádio, mesmo sob a chuva. Os torcedores vieram, finalmente, torcer para os moleques do Itamar. Foi então que, ao subirem de volta ao campo, a equipe não acreditou no que via. Mesmo entusiasmados, o jogo terminou 7 a 1. Mas para o Corinthians. Os caras viraram o jogo.
Palmital
Nos anos 80 Itamar selecionou três categorias e viajou até Palmital – 150 Km de Campo Mourão. Lá, foram três jogos contra atletas locais. As partidas aconteceram em meio a praça. Não era quadra coberta e os torcedores ficavam quase dentro das quatro linhas. A delegação foi recebida com hostilidade. Para a cidade, parecia se tratar de um clássico, como Brasil e Argentina. Já no primeiro amistoso um fato inusitado aconteceu. Ao cobrar o lateral – antes era com as mãos – o menino do Tagliari foi surpreendido por um péssimo torcedor adversário. Enquanto segurava a bola ao alto, o rapaz sem noção desceu seu calção. O atleta mourãoense ficou apenas de cuecas perante todo o público e, ainda com a bola na mão.
Na segunda partida outro fato tirou ainda mais a concentração dos meninos. É que um outro torcedor apanhou um pássaro morto e ficava atirando aquele corpo inerte dentro da quadra. O juiz – que era da cidade – nada fazia. Já no final, enquanto toda a delegação entrava no ônibus para deixar a cidade, pedras começaram a ser atiradas contra o coletivo. Segundo Itamar, foi de assustar.
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