Dilmércio Daleffe
No velho fogão a lenha uma pequena e surrada panela de feijão. Outra boca esquenta o arroz do meio dia. Já a mistura fica por conta do toucinho e da couve. E pra hoje é o que tem. Aliás, pra hoje e pra ceia de Natal. Afinal, Helena Sutil Donato, e o companheiro João Ketes, não sabem ao certo como seria uma verdadeira ceia natalina. Estão longe das regalias e artigos de luxo vendidos em supermercados. Na dura e crua realidade de suas vidas, o jeito é improvisar com o que têm. E eles não têm quase nada.
Helena acaba de receber R$80 do bolsa família. Com o dinheiro pagou um talão de luz e foi ao mercado. Comprou frutas, um pedaço de peixe e outros itens para a casa. Voltou feliz da vida, mas com os bolsos vazios. Diante do fogão e das panelas de longa data, diz não ligar muito para a ceia do Natal. “A comida é o de menos. Temos que nos lembrar é do espírito que o dia tem: Jesus Cristo”, lembra Helena.
Aos 70 anos de idade, João também fala do sentido do dia 25 de dezembro. “Aqui não terá nem janta direito. Mas nos lembramos daquele que nos salvou”, disse. João e Helena moram juntos e são companheiros há cinco anos. Quis o destino que se conhecessem em 2007, em Iretama. Diante das dificuldades, o casal é um retrato fiel da realidade brasileira. Vivem sem dinheiro, estão constantemente “duros” e, ainda, pagam aluguel. Pra piorar, parte da renda fica na farmácia. Ontem, o almoço se resumiu a arroz, feijão e quirera.
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