Um cidadão chamado
Elmo Linhares
Dilmércio
Daleffe
Elegante.
Diplomático. Ético. Cavalheiro. Quem não o conhece chega a pensar tratar-se de
um juiz. Mas não. Mesmo com todas essas qualidades, a maior delas ainda é a
cidadania. Sim, José Elmo Álvares Linhares tem na vontade em ajudar sua
comunidade a grande virtude. Talvez por isso, a melhor característica deste
mourãoense, seja o voluntariado. Afinal, quase tudo o que fez na vida, seja na
política, na faculdade ou na Santa Casa, foi pensando no bem da população. Agora,
diante de sua atuação – como um verdadeiro cidadão – ele recebe hoje o Título
de Cidadania Honorária de
Campo Mourão. Uma honraria digna de quem fez e
continua fazendo a diferença.
Elmo nasceu
em Nonoaí, Rio Grande do Sul, em 1944. De família pobre, perdeu o pai ainda aos
13 anos de idade. Na infância, em Sarandi, também no Rio Grande do Sul, foi
engraxate. Entregou pães numa carroça e, enquanto criança colaborou com a
família na roça e na criação de porcos. Era apenas o início de muitos
obstáculos que viriam pela frente. Com o tempo ele terminou os estudos e,
finalmente, conseguiu chegar à universidade. Fez direito na Federal do Paraná e
foi lá que sua vida começou.
Ainda na
universidade, Elmo conheceu, namorou e casou com a companheira pra toda a vida,
Márcia Maria Queiroz Linhares. Os dois faziam o mesmo curso. Após formados
fixaram residência em Campo Mourão, onde a família dela já havia morado. “O meu
sogro me convidou para conhecer Campo Mourão. Eu vim com ele e gostei do que
vi. Depois disso vim com a Márcia em definitivo, pra nunca mais sair”, disse
Elmo.
E foi aqui
onde Elmo adotou e foi adotado pelas terras vermelhas da cidade. Passou a
trabalhar como um dos poucos advogados da época, 1972. Conheceu pessoas boas e
iniciou uma carreira privilegiada. Em Campo Mourão nasceram seus três filhos,
Marcel , Alexandre e José Elmo. Atualmente são três netos. Junto aos filhos,
paralelamente, Elmo fazia carreira não só como advogado, mas também como
cidadão.
Antes mesmo
de ser considerada uma faculdade estadual, a Fecilcam sofria com a falta de
recursos. Foi então que Elmo recebeu o convite do Professor Ephigênio para que
colaborasse com as aulas de “Teoria Geral do Estado”. “Dava aulas para
realmente ajudar. O que recebia não pagava nem a gasolina que eu gastava para
ir até a faculdade. Era para contribuir mesmo”, revelou.
Em 1988, foi
vice-prefeito de Augustinho Vechi. Chegou a ser prefeito interino por duas
vezes. Numa delas sancionou a lei que criou o prato típico da cidade, o
Carneiro no Buraco. Pragmático, Elmo sempre gostou de resultados. Então, ao
invés de apenas figurar como vice, arregaçou as mangas e iniciou alguns
projetos visando a melhoria da cidade. O calçadão é um exemplo. “Eu achava o
nosso centro feio. Então o Augustinho me autorizou a arrumá-lo. E o fiz”,
lembra. Segundo ele foi um tempo muito bom, quando pode servir a população.
Na mesma
época foi secretário de Indústria e Comércio de Campo Mourão. Ele lembra que
muitas famílias deixavam a cidade para fazer compras em supermercados de
Maringá, inclusive ele próprio. Então, conseguiu trazer o Super Muffato e,
assim, iniciou um atrativo de famílias da região ao comércio da cidade. “Além
do Muffato dar certo, o Paraná cresceu e aumentou. Além disso temos o Carreira
e mais recentemente, o Big. Ou seja, a cidade virou um polo supermercadista.
Ninguém mais sai daqui para comprar alimentos fora”, disse.
Em 1992 Elmo
tentou a prefeitura, mas perdeu para Rubens Bueno. Queria desta vez fomentar o
polo atacadista. Mas não pode fazê-lo. Anos depois tentou eleição para deputado
estadual e, segundo ele, “graças a Deus eu perdi”. “Não era para mim. Abandonei
a campanha antes de terminar. Gosto de resultados e como deputado não estaria
feliz”, ressalta.
Mas falando
em política, Elmo acredita que o sistema brasileiro está errado. E há muito
tempo. Para ele, os interesses nacionais nunca são colocados em primeiro lugar.
“Não são todos corruptos. Mas a maioria trai o eleitor e vende um mandato que
não é dele. É do povo. Acredito que somente as próximas gerações poderão mudar
a política brasileira”, afirma.
SANTA CASA
Mais adiante
Elmo teria pela frente o maior desafio de toda a sua vida: presidir a Santa
Casa de Campo Mourão. Durante quase quatro anos ele dedicou, voluntariamente,
parte do tempo ao hospital. Foram lutas travadas. Batalhas vencidas e perdidas.
Duelos com o governo. Dilemas com pacientes. E, nas camas hospitalares, Elmo
quase caiu. Diante de tanto desespero, quase sempre em torno de dinheiro que
faltava, o presidente entrou em fase de stresse.
Numa ironia
do destino, Elmo passou a ter pressão alta, um aneurisma, chegando a ter uma
artéria dilatada. “A minha aflição chegou a me deixar doente. Afinal, nós
lidamos ali com a vida das pessoas. Tínhamos que ter remédios, médicos, tudo. E
quando o dinheiro não chegava do governo era um desespero”, lembra. Com os
problemas de saúde, Elmo foi obrigado a deixar o posto. Mesmo assim, ele
acredita ter feito, mais uma vez, seu papel de cidadão. Contribuindo com um
hospital que está a serviço de toda região.
Numa síntese
de sua vida, pode-se afirmar que Elmo sempre dedicou sua intelectualidade a
serviço do bem. “Procurei fazer por minha cidade o que desejava para minha própria
família”, disse. Segundo ele, se todos pensarem apenas em si mesmos, não
existirá uma sociedade, uma cidade. Têm-se que pensar coletivamente. Doar-se
aos outros. “Cada um tem que dar uma parte ao social, ao voluntariado”,
afirmou.
De uma forma
geral, Elmo acolheu Campo Mourão como a sua cidade há 45 anos. E a recíproca
também é verdadeira. Do mesmo jeito, Elmo foi acolhido como um membro
importante de sua comunidade. Afinal, quando alguém está apto a contribuir para
o desenvolvimento social e moral do seu meio, este sempre será considerado como
um real cidadão.
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