domingo, 2 de julho de 2017

Um cidadão chamado Elmo Linhares

Um cidadão chamado Elmo Linhares

Dilmércio Daleffe



Elegante. Diplomático. Ético. Cavalheiro. Quem não o conhece chega a pensar tratar-se de um juiz. Mas não. Mesmo com todas essas qualidades, a maior delas ainda é a cidadania. Sim, José Elmo Álvares Linhares tem na vontade em ajudar sua comunidade a grande virtude. Talvez por isso, a melhor característica deste mourãoense, seja o voluntariado. Afinal, quase tudo o que fez na vida, seja na política, na faculdade ou na Santa Casa, foi pensando no bem da população. Agora, diante de sua atuação – como um verdadeiro cidadão – ele recebe hoje o Título de Cidadania Honorária de 

Campo Mourão. Uma honraria digna de quem fez e continua fazendo a diferença.
Elmo nasceu em Nonoaí, Rio Grande do Sul, em 1944. De família pobre, perdeu o pai ainda aos 13 anos de idade. Na infância, em Sarandi, também no Rio Grande do Sul, foi engraxate. Entregou pães numa carroça e, enquanto criança colaborou com a família na roça e na criação de porcos. Era apenas o início de muitos obstáculos que viriam pela frente. Com o tempo ele terminou os estudos e, finalmente, conseguiu chegar à universidade. Fez direito na Federal do Paraná e foi lá que sua vida começou.

Ainda na universidade, Elmo conheceu, namorou e casou com a companheira pra toda a vida, Márcia Maria Queiroz Linhares. Os dois faziam o mesmo curso. Após formados fixaram residência em Campo Mourão, onde a família dela já havia morado. “O meu sogro me convidou para conhecer Campo Mourão. Eu vim com ele e gostei do que vi. Depois disso vim com a Márcia em definitivo, pra nunca mais sair”, disse Elmo.

E foi aqui onde Elmo adotou e foi adotado pelas terras vermelhas da cidade. Passou a trabalhar como um dos poucos advogados da época, 1972. Conheceu pessoas boas e iniciou uma carreira privilegiada. Em Campo Mourão nasceram seus três filhos, Marcel , Alexandre e José Elmo. Atualmente são três netos. Junto aos filhos, paralelamente, Elmo fazia carreira não só como advogado, mas também como cidadão.

Antes mesmo de ser considerada uma faculdade estadual, a Fecilcam sofria com a falta de recursos. Foi então que Elmo recebeu o convite do Professor Ephigênio para que colaborasse com as aulas de “Teoria Geral do Estado”. “Dava aulas para realmente ajudar. O que recebia não pagava nem a gasolina que eu gastava para ir até a faculdade. Era para contribuir mesmo”, revelou.

Em 1988, foi vice-prefeito de Augustinho Vechi. Chegou a ser prefeito interino por duas vezes. Numa delas sancionou a lei que criou o prato típico da cidade, o Carneiro no Buraco. Pragmático, Elmo sempre gostou de resultados. Então, ao invés de apenas figurar como vice, arregaçou as mangas e iniciou alguns projetos visando a melhoria da cidade. O calçadão é um exemplo. “Eu achava o nosso centro feio. Então o Augustinho me autorizou a arrumá-lo. E o fiz”, lembra. Segundo ele foi um tempo muito bom, quando pode servir a população.

Na mesma época foi secretário de Indústria e Comércio de Campo Mourão. Ele lembra que muitas famílias deixavam a cidade para fazer compras em supermercados de Maringá, inclusive ele próprio. Então, conseguiu trazer o Super Muffato e, assim, iniciou um atrativo de famílias da região ao comércio da cidade. “Além do Muffato dar certo, o Paraná cresceu e aumentou. Além disso temos o Carreira e mais recentemente, o Big. Ou seja, a cidade virou um polo supermercadista. Ninguém mais sai daqui para comprar alimentos fora”, disse.

Em 1992 Elmo tentou a prefeitura, mas perdeu para Rubens Bueno. Queria desta vez fomentar o polo atacadista. Mas não pode fazê-lo. Anos depois tentou eleição para deputado estadual e, segundo ele, “graças a Deus eu perdi”. “Não era para mim. Abandonei a campanha antes de terminar. Gosto de resultados e como deputado não estaria feliz”, ressalta.

Mas falando em política, Elmo acredita que o sistema brasileiro está errado. E há muito tempo. Para ele, os interesses nacionais nunca são colocados em primeiro lugar. “Não são todos corruptos. Mas a maioria trai o eleitor e vende um mandato que não é dele. É do povo. Acredito que somente as próximas gerações poderão mudar a política brasileira”, afirma.

SANTA CASA

Mais adiante Elmo teria pela frente o maior desafio de toda a sua vida: presidir a Santa Casa de Campo Mourão. Durante quase quatro anos ele dedicou, voluntariamente, parte do tempo ao hospital. Foram lutas travadas. Batalhas vencidas e perdidas. Duelos com o governo. Dilemas com pacientes. E, nas camas hospitalares, Elmo quase caiu. Diante de tanto desespero, quase sempre em torno de dinheiro que faltava, o presidente entrou em fase de stresse.

Numa ironia do destino, Elmo passou a ter pressão alta, um aneurisma, chegando a ter uma artéria dilatada. “A minha aflição chegou a me deixar doente. Afinal, nós lidamos ali com a vida das pessoas. Tínhamos que ter remédios, médicos, tudo. E quando o dinheiro não chegava do governo era um desespero”, lembra. Com os problemas de saúde, Elmo foi obrigado a deixar o posto. Mesmo assim, ele acredita ter feito, mais uma vez, seu papel de cidadão. Contribuindo com um hospital que está a serviço de toda região.

Numa síntese de sua vida, pode-se afirmar que Elmo sempre dedicou sua intelectualidade a serviço do bem. “Procurei fazer por minha cidade o que desejava para minha própria família”, disse. Segundo ele, se todos pensarem apenas em si mesmos, não existirá uma sociedade, uma cidade. Têm-se que pensar coletivamente. Doar-se aos outros. “Cada um tem que dar uma parte ao social, ao voluntariado”, afirmou.


De uma forma geral, Elmo acolheu Campo Mourão como a sua cidade há 45 anos. E a recíproca também é verdadeira. Do mesmo jeito, Elmo foi acolhido como um membro importante de sua comunidade. Afinal, quando alguém está apto a contribuir para o desenvolvimento social e moral do seu meio, este sempre será considerado como um real cidadão.

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