Existem razões para que o brasileiro comemore o 7 de Setembro? Não fosse o dia de feriado, certamente elas não existiriam. Um dia tão especial acabou sendo massacrado pelas ações ilícitas da classe política. Não temos mais orgulho. Malas de dinheiro, conversas inescrupulosas gravadas, quadrilhas, corrupção. Enquanto isso, nós, o povão, pagando mais impostos, e amargurando o troféu de bobo da corte. Indiscutivelmente somos um povo covarde. A situação já estaria resolvida em outros países. Não há paz sem guerra. Não há orgulho sem sangue. Não há justiça sem cadeia. Diante de todo o quadro negativo, os mourãoenses ainda foram a avenida assistir o desfile. Mas nada demais. Foram para se divertirem, sair de casa, passear com os filhos. Apenas isso.
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
domingo, 2 de julho de 2017
O Fusca e o legado de Milton Luiz Pereira
O
Fusca e o legado de Milton Luiz Pereira
Dilmércio
Daleffe
Aparentemente
um Fusca comum a tantos outros em Curitiba. Talvez a conservação da pintura,
dos seus bancos claros, faróis e acessórios seja a diferença. Ou ainda, a placa
preta demonstrando a sua quase inteira originalidade. Bom, para a população da
capital o “fuca” passa despercebido. Mas aos mourãoenses, não. O Volkswagem ano
67 tem tudo a ver com Campo Mourão. Ele representa a passagem do advogado, juiz
e ministro Milton Luiz Pereira à prefeitura da cidade. Pelos bons serviços
prestados ao município, o ex-prefeito foi presenteado com o veículo pela
própria população. Isso aconteceu em 29 de abril de 1967. Restando poucos dias
para o fato completar 50 anos, o “fucão” voltará nos próximos dias à cidade. A
ideia surgiu numa conversa entre o historiador Jair Elias e o filho de Milton
Luiz Pereira, Marcus Vinícius Tadeu Pereira, agora responsável pelo carro.
Na
época, Milton, já advogado, deixou a profissão de lado para tornar-se prefeito
de Campo Mourão entre os anos 64 e 67. Na época, o salário do chefe do
executivo era apenas dois salários mínimos. Então, para não passar sufoco
financeiro, Milton vendeu um Ford que havia comprado. O dinheiro lhe daria um
suporte, pelo menos no início do mandato. A pé, o prefeito foi reflexo da
honestidade e transparência de uma época. Na década de 60, ele fez asfalto no
centro, construiu o terminal rodoviário e a biblioteca municipal. Como muito
fez, a população decidiu retribuir. Mesmo não aceitando presentes de ninguém,
Milton foi pressionado a receber o Fusca. Coordenado por Munir Karan, um livro
ouro percorreu a cidade arrecadando contribuições. “Eles davam de tudo. Tinha
dinheiro, jóias, relógios e até uma galinha viva”, diz Marcus.
Então,
em abril de 67 reuniu-se toda a doação e comprou-se o famoso Fusca azul. No dia
29 daquele mês, uma multidão levou o carro até a frente da prefeitura, quando
Milton teve que aceitar o presente. “Ele não aceitava nada. Ele era turrão
nesse ponto. Mas do jeito que foi aquilo ele não teve saída”, disse o filho. No
dia da entrega o carro teve que ser empurrado até a casa do prefeito. Pensou-se
que faltava gasolina, mas na verdade faltava uma peça do motor.
Marcus
explica que desde a chegada do fusca, o pai jamais comprou outro carro. Certa
vez, em 1999, Milton foi convidado para palestrar no fórum de Curitiba. Milton
então foi com o “fuca”. Ao chegar no estacionamento do fórum, o segurança
implicou. Disse que ali só ficavam carros oficiais e que aquele Fusca não
poderia ali permanecer. Milton então desceu e explicou que iria palestrar. Não
adiantou. Então desceram do prédio as ordens de que aquele “fuca” deveria ficar
ali sim. Pois era nada mais que o principal homem da noite. Hoje, o veículo
está com aproximadamente 260 mil quilômetros rodados e carrega em seu interior
uma mala antiga do ex-prefeito. Ainda na década de 60, após advogar para uma
pessoa de Campo Mourão, Milton foi pago com a mala. “A pessoa não tinha
dinheiro, então deu a mala”, lembrou Marcus.
Milton
foi prefeito a partir de janeiro de 64. Permaneceu até 67, mas deixou a
prefeitura seis meses antes. Isso porque foi efetivado como juiz federal em
Curitiba, até 1988. Depois disso foi Presidente do TRF em São Paulo,
permanecendo no cargo até 1992. Em 1993 o ex-prefeito foi promovido a Ministro
do STJ em Brasília, atuando até 2002. Mesmo distante das terras vermelhas de
Campo Mourão ele jamais se esqueceu das pessoas daqui. Tanto é verdade que,
segundo Marcus, negava muitos convites Brasil a fora. Mas quando se tratava de
sua cidade, não abria mão. “Sempre que era convidado a ir até Campo Mourão ele
dava um jeito”, disse.
Milton
morreu em 15 de fevereiro de 2012, em Curitiba, vítima de câncer no pulmão.
Morreu horas depois que sua esposa, Rizoleta, também com a mesma doença. Os
dois, inclusive, ficaram juntos na UTI. Deixaram cinco filhos, Gisele, Gislene,
Celso, Luciene e Marcus. A transparência e honestidade implantadas por ele
enquanto prefeito de Campo Mourão jamais foram esquecidas. Tanto é que é
lembrado até hoje. Marcus lembra que quando o pai deixou a cidade até acumulou
dívidas. Afinal de contas ele ganhava bem mais como advogado do que como
prefeito. O filho também carrega ensinamentos deixados pelo pai. “Ele lamentava
fatos políticos de corrupção. Mas falava sobre isso apenas com a gente. Jamais
teceu comentários enquanto juiz”, disse.
A
vinda do Fusca a Campo Mourão nos próximos dias também tem como objetivo
divulgar o Instituto Milton Luiz Pereira. Na verdade, um órgão criado por Marcus
cujo foco principal é a educação. Já, há alguns anos ele vem arrecadando
materiais para doação a creches da capital. Uma jovem sem recursos financeiros
também é bolsista de Direito na PUC de Curitiba. “O Instituto paga suas
mensalidades. A meta é aumentar as bolsas”, explicou Marcus. A intenção é que a
população de Campo Mourão acredite na ideia e passe a colaborar com o órgão.
Instituto Milton Luiz Pereira
É uma associação sem fins lucrativos, que visa realizar
eventos para discussões de temas jurídicos e sociais, bem como promover ações
sociais, mediante campanhas e convênios, unindo assim as duas grandes vocações
(jurídica e humanista) de seu patrono, que lhe deu o nome. No segundo
aniversário de seu falecimento, familiares e amigos do Ministro Milton decidiram continuar a sua obra e
divulgar os seus princípios, por meio de uma associação que congregue todos
aqueles que compartilhem seus ideais e creiam ser possível ajudar a construir
uma sociedade mais justa e solidária.
De modo geral, podem se associar ao Instituto todos
aqueles que querem ajudar a realizar as suas ações e objetivos. Amigos do
Ministro Milton, profissionais do direito e de diversas outras áreas,
voluntários que, da forma que podem, contribuem com os eventos e campanhas
promovidas. Reúne personalidades eminentes em encontros, seminários,
publicações e estudos jurídicos diversos; Por outro lado, usa dos frutos desses
eventos para firmar convênios e campanhas para diversas ações sociais, como
assistência jurídica, médica e odontológica gratuitas para necessitados, bolsas
de estudo para crianças carentes, angariação de fundos para obras sociais.
Saiba mais no site http://imlp.org.br
Um cidadão chamado Elmo Linhares
Um cidadão chamado
Elmo Linhares
Dilmércio
Daleffe
Elegante.
Diplomático. Ético. Cavalheiro. Quem não o conhece chega a pensar tratar-se de
um juiz. Mas não. Mesmo com todas essas qualidades, a maior delas ainda é a
cidadania. Sim, José Elmo Álvares Linhares tem na vontade em ajudar sua
comunidade a grande virtude. Talvez por isso, a melhor característica deste
mourãoense, seja o voluntariado. Afinal, quase tudo o que fez na vida, seja na
política, na faculdade ou na Santa Casa, foi pensando no bem da população. Agora,
diante de sua atuação – como um verdadeiro cidadão – ele recebe hoje o Título
de Cidadania Honorária de
Campo Mourão. Uma honraria digna de quem fez e
continua fazendo a diferença.
Elmo nasceu
em Nonoaí, Rio Grande do Sul, em 1944. De família pobre, perdeu o pai ainda aos
13 anos de idade. Na infância, em Sarandi, também no Rio Grande do Sul, foi
engraxate. Entregou pães numa carroça e, enquanto criança colaborou com a
família na roça e na criação de porcos. Era apenas o início de muitos
obstáculos que viriam pela frente. Com o tempo ele terminou os estudos e,
finalmente, conseguiu chegar à universidade. Fez direito na Federal do Paraná e
foi lá que sua vida começou.
Ainda na
universidade, Elmo conheceu, namorou e casou com a companheira pra toda a vida,
Márcia Maria Queiroz Linhares. Os dois faziam o mesmo curso. Após formados
fixaram residência em Campo Mourão, onde a família dela já havia morado. “O meu
sogro me convidou para conhecer Campo Mourão. Eu vim com ele e gostei do que
vi. Depois disso vim com a Márcia em definitivo, pra nunca mais sair”, disse
Elmo.
E foi aqui
onde Elmo adotou e foi adotado pelas terras vermelhas da cidade. Passou a
trabalhar como um dos poucos advogados da época, 1972. Conheceu pessoas boas e
iniciou uma carreira privilegiada. Em Campo Mourão nasceram seus três filhos,
Marcel , Alexandre e José Elmo. Atualmente são três netos. Junto aos filhos,
paralelamente, Elmo fazia carreira não só como advogado, mas também como
cidadão.
Antes mesmo
de ser considerada uma faculdade estadual, a Fecilcam sofria com a falta de
recursos. Foi então que Elmo recebeu o convite do Professor Ephigênio para que
colaborasse com as aulas de “Teoria Geral do Estado”. “Dava aulas para
realmente ajudar. O que recebia não pagava nem a gasolina que eu gastava para
ir até a faculdade. Era para contribuir mesmo”, revelou.
Em 1988, foi
vice-prefeito de Augustinho Vechi. Chegou a ser prefeito interino por duas
vezes. Numa delas sancionou a lei que criou o prato típico da cidade, o
Carneiro no Buraco. Pragmático, Elmo sempre gostou de resultados. Então, ao
invés de apenas figurar como vice, arregaçou as mangas e iniciou alguns
projetos visando a melhoria da cidade. O calçadão é um exemplo. “Eu achava o
nosso centro feio. Então o Augustinho me autorizou a arrumá-lo. E o fiz”,
lembra. Segundo ele foi um tempo muito bom, quando pode servir a população.
Na mesma
época foi secretário de Indústria e Comércio de Campo Mourão. Ele lembra que
muitas famílias deixavam a cidade para fazer compras em supermercados de
Maringá, inclusive ele próprio. Então, conseguiu trazer o Super Muffato e,
assim, iniciou um atrativo de famílias da região ao comércio da cidade. “Além
do Muffato dar certo, o Paraná cresceu e aumentou. Além disso temos o Carreira
e mais recentemente, o Big. Ou seja, a cidade virou um polo supermercadista.
Ninguém mais sai daqui para comprar alimentos fora”, disse.
Em 1992 Elmo
tentou a prefeitura, mas perdeu para Rubens Bueno. Queria desta vez fomentar o
polo atacadista. Mas não pode fazê-lo. Anos depois tentou eleição para deputado
estadual e, segundo ele, “graças a Deus eu perdi”. “Não era para mim. Abandonei
a campanha antes de terminar. Gosto de resultados e como deputado não estaria
feliz”, ressalta.
Mas falando
em política, Elmo acredita que o sistema brasileiro está errado. E há muito
tempo. Para ele, os interesses nacionais nunca são colocados em primeiro lugar.
“Não são todos corruptos. Mas a maioria trai o eleitor e vende um mandato que
não é dele. É do povo. Acredito que somente as próximas gerações poderão mudar
a política brasileira”, afirma.
SANTA CASA
Mais adiante
Elmo teria pela frente o maior desafio de toda a sua vida: presidir a Santa
Casa de Campo Mourão. Durante quase quatro anos ele dedicou, voluntariamente,
parte do tempo ao hospital. Foram lutas travadas. Batalhas vencidas e perdidas.
Duelos com o governo. Dilemas com pacientes. E, nas camas hospitalares, Elmo
quase caiu. Diante de tanto desespero, quase sempre em torno de dinheiro que
faltava, o presidente entrou em fase de stresse.
Numa ironia
do destino, Elmo passou a ter pressão alta, um aneurisma, chegando a ter uma
artéria dilatada. “A minha aflição chegou a me deixar doente. Afinal, nós
lidamos ali com a vida das pessoas. Tínhamos que ter remédios, médicos, tudo. E
quando o dinheiro não chegava do governo era um desespero”, lembra. Com os
problemas de saúde, Elmo foi obrigado a deixar o posto. Mesmo assim, ele
acredita ter feito, mais uma vez, seu papel de cidadão. Contribuindo com um
hospital que está a serviço de toda região.
Numa síntese
de sua vida, pode-se afirmar que Elmo sempre dedicou sua intelectualidade a
serviço do bem. “Procurei fazer por minha cidade o que desejava para minha própria
família”, disse. Segundo ele, se todos pensarem apenas em si mesmos, não
existirá uma sociedade, uma cidade. Têm-se que pensar coletivamente. Doar-se
aos outros. “Cada um tem que dar uma parte ao social, ao voluntariado”,
afirmou.
De uma forma
geral, Elmo acolheu Campo Mourão como a sua cidade há 45 anos. E a recíproca
também é verdadeira. Do mesmo jeito, Elmo foi acolhido como um membro
importante de sua comunidade. Afinal, quando alguém está apto a contribuir para
o desenvolvimento social e moral do seu meio, este sempre será considerado como
um real cidadão.
Um homem. Um secretário. Um servidor. Um Super Homem
Um homem. Um secretário.
Um servidor. Um Super Homem
Dilmércio Daleffe
Ele acorda por volta das cinco da manhã. Antes de
sair veste uma camiseta azul do Super Homem. No trabalho, mesmo sendo
Secretário de Obras, une-se a equipe sem mostrar-se superior. Bate o cartão como todos e, numa intensa
jornada diária, deixa o ar condicionado da prefeitura para arregaçar as mangas
e fazer o que tem que ser feito, agora na rua. Márcio Ferreira é servidor
municipal de Ponta Grossa. Desde o início do ano vem chamando a atenção pelos
vídeos postados no FaceBook. Lá, revela toda sua revolta pela falta de educação
frente ao lixo depositado em rios e cidade a fora. Com chutes e murros em
entulhos, passou a ganhar força no apelo à conscientização da população.
Formado em jornalismo, Ferreira é casado, possui uma
filha e é crente em Deus. Ponta Grossense convicto, agora como Secretário
Municipal, vem contribuindo à melhoria da vida de sua população. E isso é
facilmente evidenciado nas redes sociais. Não há um só dia em que ele não seja
desafiado por alguém. Ao lado de sua equipe, vai atrás dos problemas apontados
pela comunidade. Uma vez no trabalho, mata a cobra e ainda mostra o pau. E é
com esse “jeitão” inovador que vem fazendo dele um cara diferenciado.
Há alguns dias, revoltado com entulhos jogados
próximos a um arroio, Ferreira partiu uma folha de Eternit ao meio com um
murro. Logo em seguida deu um chute numa lata de tinta, arremessando-a metros
de distância. “Isso é uma vergonha. Não pode acontecer pessoal”, dizia furioso no
vídeo. Ferreira não é político. Ele é apenas um homem. Um homem honesto. Como
servidor público, vem descobrindo o verdadeiro sentido de fazer política. Ou
seja, sua missão é acima de tudo transformar o dinheiro dos impostos em melhorias
a sua gente. Afinal, ser político é servir.
“Assim como em todo o Brasil, aqui também temos falta
de recursos. Mas nosso prefeito - Marcelo Rangel (PPS) - tem conseguido honrar
os compromissos trabalhando muito. Nós vamos para a guerra com o que temos, mas
também com muita atitude e dedicação, só assim poderemos vencer os desafios”,
disse. Segundo ele, os servidores recebem em dia, sem atrasos. Até o 13º
salário foi pago adiantado. Para ele, não existe outra saída que não seja o trabalho.
“Há 20 anos a secretaria de obras tinha 1080 funcionários. Hoje são apenas 370”,
lembrou.
Ferreira acorda todos os dias as 5h25. Ao chegar à prefeitura toma café
com a equipe e, a partir das 6h30, inicia as reuniões. Cada um dos servidores sabe
o que fazer, disse. Então, divide as turmas e vão as ruas. “O principal é a
dedicação e as atitudes, sempre em prol da cidade, sem egos ou interesses
pessoais”, revela. E o trabalho não pode parar. Isso porque, segundo ele,
Ponta Grossa tem uma área do tamanho de Londrina e Maringá juntas. São mais de
1,7 mil quilômetros de estradas rurais, 20 bairros e mais de 120 vilas. Atualmente,
40% das ruas da cidade são de terra, com uma topografia muito inclinada e difícil
de trabalhar. “Muitas vias estão sem galerias, próximas de arroios, que
geralmente inundam os bairros em épocas de chuvas”, ressalta. Ponta Grossa tem quase 200 anos e não foi planejada
como Maringá ou Londrina. “Tudo é muito mais difícil aqui”, disse.
Frente
à força de vontade na secretaria, Ferreira inovou mais uma vez. Quase sempre
veste uma camiseta do Super Homem. Trata-se de uma brincadeira, mas com cunho
verdadeiro. Ele homenageia os próprios membros da equipe. “Uso em homenagem aos funcionários
da Secretaria de Obras. Homens simples, que trabalham na chuva, no frio, no
vento e no relento e nunca desanimam. São extremamente trabalhadores e eu
sempre os chamo de super homens”, disse. Vez em quando, Ferreira até coloca uma
capa vermelha, para incrementar ainda mais a homenagem.
Defensor da natureza, o secretário não aceita ver tanta poluição. “Temos
150 arroios e 155 quilômetros de arroios poluídos. Nunca tivemos políticas
públicas nesse sentido. Uma grande vergonha”, afirma. Segundo ele, quando um
rio morre, morrem todos que vivem dentro dele, e também os que vivem em torno
dele. “A água é o bem mais precioso do planeta. É inadmissível e inaceitável
nossos arroios estarem em condições tão deploráveis”, disse. “Estamos
realizando a limpeza constante em 20 arroios, mas isso é menos de 20% de todos
eles. É um trabalho que tem que ser feito pelos próximos governos. A
população tem que ajudar, por isso tento chamar a atenção de todos para o
problema, demonstrando minha indignação com chutes e pontapés no lixo”.
Ferreira disse que se fizesse um vídeo normal, apenas mostrando o
problema ninguém daria bola. Mas hoje, as pessoas já o conhecem pelos murros e
chutes que desfere no lixo. “Já tem pessoas fazendo vídeos nos bairros socando
televisores, e pneus também. Virou uma febre, mas para o lado bom, da defesa da
natureza”, disse. De acordo com ele, as pessoas começaram a recolher lixo da
rua, minimizando parte dos problemas. E desta forma, Ferreira começa a colher
frutos de seu próprio exemplo. Tomara
que seus passos comecem ser seguidos também por secretários de outras cidades.
Afinal, bons exemplos não podem parar.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
O exército de Paula, José, Rodrigo, Lucas, Willian e Juliano
Grupo de voluntários decide pintar Santa Casa de C. Mourão
De que vale a vida senão ajudar o próximo? Uma vida fútil, com objetivos
financeiros, materiais, mas sem a emoção em contribuir com a própria
comunidade? Isso vale a pena? Se acredita que pode fazer mais pela sua própria
raça, sem pensar em dinheiro, então aliste-se ao grupo de voluntários da Santa
Casa.
Dilmércio
Daleffe
No
dicionário a palavra voluntário significa uma pessoa que age de acordo com sua
própria vontade. Um ser caprichoso, voluntarioso. Alguém que se alista
espontaneamente num exército sem obrigação
a nada, a não ser, com o bom senso. Sendo assim, pode-se considerar Willian, Lucas,
Juliano, Rodrigo e José como verdadeiros voluntários da Santa Casa de Campo
Mourão. Desde a última semana, eles doam parte de seu
tempo de lazer para contribuir gratuitamente com a pintura de algumas alas do
hospital. Pessoas tão diferentes umas das outras, mas, ao mesmo
tempo, com qualidades tão próximas.
Coração grande, atitude, senso
coletivo, audaciosas, generosas, solidárias. Assim são algumas características
de pessoas voluntárias. Juntas, elas podem minimizar os dias ruins que uma
comunidade vem passando. Sozinhas, são capazes em diminuir o mal dos homens. Têm a força para
transformar o planeta numa corrente do bem. Rodrigo Lucas Hort deixou seu
domingo de lado para pegar no pincel em prol de pessoas que ele nem conhece.
Como auxiliar administrativo da Coamo, decidiu ajudar o ambiente da Santa Casa
ficar mais bonito. “Acho que se os doentes vierem para um local feio, chegam
até a piorar. Mas ao contrário, se estiverem num ambiente bonito podem até
melhorar”, acredita ele.
Aos 24 anos, ele ainda é bastante jovem para
entender o mundo. Mas aprendeu bem cedo a ter atitude. O bom senso em favor de
sua comunidade veio antes mesmo da chamada “experiência” de vida, a mesma que
muita gente por aí julga ter. “Eu não tenho nada a ver com pintura. Trabalho numa
empresa para ajudar a administrá-la. Mas sei que mesmo assim pude contribuir um
pouquinho com o hospital”, disse. Ele lembra que faz parte de um grupo de
ciclismo da cidade. E foi lá onde reuniu Willian, Lucas e Juliano para também
contribuírem com o voluntariado da Santa Casa. Juntos, os quatro doaram parte
de seu domingo às paredes da “Santinha”. “Me fez muito bem ajudar. Neste
próximo domingo vamos retornar e colaborar novamente”, disse. Mais uma vez, o
coração grande
falando mais forte.
José Alberto Zambonini tem 52 anos. É pintor
profissional há 15. Também decidiu abrir o coração a uma justa causa. “Deus
sempre foi tão bom comigo. Agora tenho que retribuir tudo o
que ele vem fazendo por mim”, revela.
“Me sinto bem em ajudar. Minha esposa faz tratamento na oncologia e por
isso vejo a necessidade em colaborar também”, disse. Conhecido por “Alemão”, José é
exemplo vivo de que ainda é possível acreditar no voluntariado. Segundo ele,
estender o braço à comunidade, de forma honesta e gratuita, não é feio. Ao
contrário, é digno. Um gesto bonito, de grandeza. Afinal, de que vale a vida
sem ajudar o próximo?
Paula Renata Domenici é uma assistente social
vinculada à Santa Casa. Bonita por dentro e por fora, a menina é uma guerreira.
Ela sabe que a instituição não possui recursos para as benfeitorias. Por
este motivo, ela arregaçou as mangas e vem coordenando os voluntários. Aos 29 anos,
é uma apaixonada pelo hospital. E não ganha a mais por isso e, muito menos, tem
projeções políticas. No fundo, também mantém um coração grande, voluntário,
esperançoso. “Temos algumas pessoas da sociedade que nunca falaram não aos
nossos pedidos. E é através delas que temos conseguido o sucesso para pequenas
reformas”, disse.
O trabalho começou ainda em 2016, quando precisavam melhorar
a pintura da ala pediátrica. Algumas pessoas apareceram, ajudaram a pintar.
Outras deram as tintas. A ala está perfeita. Mesmo concluído o trabalho, as
pessoas continuaram aparecendo para ajudar. Então, veio a ideia em continuar a
pintura a outras alas. Neste momento, a ajuda é para a recepção do SUS e a
triagem oncológica. “Se pudermos receber mais ajuda, vamos seguir por todo o
hospital”, disse. Segundo ela, se fosse para a instituição bancar toda a
pintura, seriam necessários cerca de R$100 mil. “Esse dinheiro é impossível no
momento. Por isso a importância do voluntariado. E eles nunca nos abandonam”,
revelou.
Paula informa que as tintas ainda são necessárias. O que
ganharam está no fim. Mas quem puder fornecer mais material basta levar até
ela. Assim como novos voluntários podem se apresentar. Todos são bem vindos. De
acordo com ela, existem centenas de “corações grandes” em toda a região. Dia
desses um homem de Terra Boa esteve no hospital. Ele queria colaborar, mas não
sabia como. Então Paula deu uma volta com ele pelas alas. Notou que em alguns
quartos não havia ventilação. O calor era grande. Foi aí que ele olhou para ela
e concluiu: “Vou comprar 16 ventiladores para estes apartamentos”. Um dia
depois o homem trouxe o dinheiro e a Santa Casa comprou os ventiladores. Ele
preferiu não ter o nome revelado. Trata-se de um voluntário, também de coração
grande. “Assim como tantos, ele é um anjo do hospital. Temos muitos, mas
queremos mais”, disse Paula. Ela também possui um objetivo em recrutar um
exército de voluntários ao hospital. “Pretendemos criar um grupo de ajuda. Quem
desejar ser membro do time basta nos ligar”, explicou.
O exemplo e a força de todos esses voluntários é apenas mais
um reflexo da própria instituição. Lá atrás, ainda na década de 80, alguns
empresários e médicos da cidade se uniram para transformar a Santa Casa. Como
não havia dinheiro, voluntariamente, decidiram fazer um trabalho de
formiguinha. De casa em casa foram pedindo tijolos, pedras, areia, cimento e
tudo mais que pudessem doar. E foi desta maneira que o atual prédio do hospital
começou a ser levantado. Ou seja, voluntários iniciaram o sonho. Hoje,
voluntários continuam o sonho. Amanhã certamente novos voluntários terão que
participar. Em suma, a Saúde neste país é apenas mais uma piada de mau gosto.
Aqui não existe dinheiro, mas sobram doentes e filas.
O que levar:
Cor erva doce – acrílica lavável – acetinada
Rolos
Pincéis
Lixas
Onde levar: Hospital Santa Casa de Campo Mourão
Telefone: 3810-2100 – ramal 2105
Falar com Paula ou Valéria
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