Dilmércio Daleffe
Aos domingos, ás margens da PR-317, no distrito de
Ivailândia, uma cena chama atenção de quem passa. Não se trata de nenhum louco,
tampouco um bêbado, ou alguém imitando Carlitos. Mas sim um homem de preto, vestido
de Michael Jackson com chapéu e peruca. Não bastasse a caracterização marcante,
ainda fica a dançar ao lado da rodovia. Mas quem é ele? Por que faz isso? O que
leva uma pessoa a fantasiar-se e dançar em manhãs chuvosas ou não de domingo, em
plena estrada?
Ele é Pedro Pereira da Costa, tem 47 anos e vive em virtude
de seu ídolo. Durante toda a semana, levanta cedo para trabalhar. Mas no
domingo, tem outra missão. Vestido como Michael Jackson, “Fininho”, como é
conhecido, tem encontro marcado com pessoas com quem jamais pensou ver.
Acompanhado de seu velho aparelho de som, vai até a rodovia, ainda cedinho, e dança
coreografias do cantor norte americano.
Levado por uma emoção contagiante, Pedro faz o que faz
apenas por um único motivo: ele ama Michael Jackson. Então, desde 2010, começou a produzir a
própria roupa e a partir daí, vem mostrando sua arte na rodovia. Dança o dia
todo para pessoas as quais nem conhece, que nunca viu. Passou a ser uma figura inusitada
aos motoristas que por ali passam.
Pedro sempre foi pobre. Perdeu os pais ainda cedo e, por
isso, teve que se virar em dobro. Já trabalhou de tudo um pouco. Agora é
servente na construção civil. “Eu não tenho nada. Sou pobre. Não tenho nem
casa”, disse. Hoje, mora de aluguel num único cômodo, num imóvel de madeira. Entre
os poucos pertences estão dvd´s, cd´s, livros e antigos vinis do ídolo. Num
outro canto, os trajes feitos por ele mesmo. Dois pares de óculos, um chapéu,
uma calça pintada em listra e, por fim, a peruca. Tudo improvisado. Do jeito
que é possível.
Junto a sua paixão, Pedro vive num mundo só dele. Quase sem
família – tem apenas uma irmã em Maringá -, dedica grande parte de sua vida à
solidão. Talvez por esse motivo fique na rodovia a dançar. Afinal é ali onde
muitas pessoas param os carros pra conversar e tirar fotos com ele. “Eu gosto
de ser reconhecido. Quero levar alegria às pessoas”, afirma.
“Fininho” é fã de Michael Jackson desde os 22 anos. Achava
incrível como aquele americano cantava e dançava ao mesmo tempo. Seus passos e
coreografias o impressionam até hoje. Inevitavelmente atordoado com o talento
do cantor, passou a seguir seus passos. Sua incansável paixão pelo astro morto
é tanta que, no último domingo, estava a dançar – pasmem - sem música. Seu
velho aparelho quebrou e, mesmo assim, foi pra rodovia sem as músicas que o
encantam. “Danço sem música mesmo. Não tem problema não. Daqui uns dias alguém
me ajuda com o aparelho e está tudo certo”, brinca ele.
Pedro é católico e confia em Deus. Não deseja muito da vida. Quer apenas ser feliz. Logicamente pensa em conseguir uma casa só sua, ter um carrinho e, por fim, uma esposa. Nada disso ainda aconteceu. Mas ele não tem pressa. “Enquanto não consigo nada, vou vivendo e trabalhando”, disse. Mas claro, sem deixar de prestar as homenagens de sempre ao ídolo americano. Por isso, se viajar por Ivailândia e, na estrada verificar Michael Jackson dançando sobre a pista, não se assuste. É apenas o Pedro. Pare o carro e tire uma foto ao seu lado. Ele vai gostar!
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