Grupo de voluntários decide pintar Santa Casa de C. Mourão
De que vale a vida senão ajudar o próximo? Uma vida fútil, com objetivos
financeiros, materiais, mas sem a emoção em contribuir com a própria
comunidade? Isso vale a pena? Se acredita que pode fazer mais pela sua própria
raça, sem pensar em dinheiro, então aliste-se ao grupo de voluntários da Santa
Casa.
Dilmércio
Daleffe
No
dicionário a palavra voluntário significa uma pessoa que age de acordo com sua
própria vontade. Um ser caprichoso, voluntarioso. Alguém que se alista
espontaneamente num exército sem obrigação
a nada, a não ser, com o bom senso. Sendo assim, pode-se considerar Willian, Lucas,
Juliano, Rodrigo e José como verdadeiros voluntários da Santa Casa de Campo
Mourão. Desde a última semana, eles doam parte de seu
tempo de lazer para contribuir gratuitamente com a pintura de algumas alas do
hospital. Pessoas tão diferentes umas das outras, mas, ao mesmo
tempo, com qualidades tão próximas.
Coração grande, atitude, senso
coletivo, audaciosas, generosas, solidárias. Assim são algumas características
de pessoas voluntárias. Juntas, elas podem minimizar os dias ruins que uma
comunidade vem passando. Sozinhas, são capazes em diminuir o mal dos homens. Têm a força para
transformar o planeta numa corrente do bem. Rodrigo Lucas Hort deixou seu
domingo de lado para pegar no pincel em prol de pessoas que ele nem conhece.
Como auxiliar administrativo da Coamo, decidiu ajudar o ambiente da Santa Casa
ficar mais bonito. “Acho que se os doentes vierem para um local feio, chegam
até a piorar. Mas ao contrário, se estiverem num ambiente bonito podem até
melhorar”, acredita ele.
Aos 24 anos, ele ainda é bastante jovem para
entender o mundo. Mas aprendeu bem cedo a ter atitude. O bom senso em favor de
sua comunidade veio antes mesmo da chamada “experiência” de vida, a mesma que
muita gente por aí julga ter. “Eu não tenho nada a ver com pintura. Trabalho numa
empresa para ajudar a administrá-la. Mas sei que mesmo assim pude contribuir um
pouquinho com o hospital”, disse. Ele lembra que faz parte de um grupo de
ciclismo da cidade. E foi lá onde reuniu Willian, Lucas e Juliano para também
contribuírem com o voluntariado da Santa Casa. Juntos, os quatro doaram parte
de seu domingo às paredes da “Santinha”. “Me fez muito bem ajudar. Neste
próximo domingo vamos retornar e colaborar novamente”, disse. Mais uma vez, o
coração grande
falando mais forte.
José Alberto Zambonini tem 52 anos. É pintor
profissional há 15. Também decidiu abrir o coração a uma justa causa. “Deus
sempre foi tão bom comigo. Agora tenho que retribuir tudo o
que ele vem fazendo por mim”, revela.
“Me sinto bem em ajudar. Minha esposa faz tratamento na oncologia e por
isso vejo a necessidade em colaborar também”, disse. Conhecido por “Alemão”, José é
exemplo vivo de que ainda é possível acreditar no voluntariado. Segundo ele,
estender o braço à comunidade, de forma honesta e gratuita, não é feio. Ao
contrário, é digno. Um gesto bonito, de grandeza. Afinal, de que vale a vida
sem ajudar o próximo?
Paula Renata Domenici é uma assistente social
vinculada à Santa Casa. Bonita por dentro e por fora, a menina é uma guerreira.
Ela sabe que a instituição não possui recursos para as benfeitorias. Por
este motivo, ela arregaçou as mangas e vem coordenando os voluntários. Aos 29 anos,
é uma apaixonada pelo hospital. E não ganha a mais por isso e, muito menos, tem
projeções políticas. No fundo, também mantém um coração grande, voluntário,
esperançoso. “Temos algumas pessoas da sociedade que nunca falaram não aos
nossos pedidos. E é através delas que temos conseguido o sucesso para pequenas
reformas”, disse.
O trabalho começou ainda em 2016, quando precisavam melhorar
a pintura da ala pediátrica. Algumas pessoas apareceram, ajudaram a pintar.
Outras deram as tintas. A ala está perfeita. Mesmo concluído o trabalho, as
pessoas continuaram aparecendo para ajudar. Então, veio a ideia em continuar a
pintura a outras alas. Neste momento, a ajuda é para a recepção do SUS e a
triagem oncológica. “Se pudermos receber mais ajuda, vamos seguir por todo o
hospital”, disse. Segundo ela, se fosse para a instituição bancar toda a
pintura, seriam necessários cerca de R$100 mil. “Esse dinheiro é impossível no
momento. Por isso a importância do voluntariado. E eles nunca nos abandonam”,
revelou.
Paula informa que as tintas ainda são necessárias. O que
ganharam está no fim. Mas quem puder fornecer mais material basta levar até
ela. Assim como novos voluntários podem se apresentar. Todos são bem vindos. De
acordo com ela, existem centenas de “corações grandes” em toda a região. Dia
desses um homem de Terra Boa esteve no hospital. Ele queria colaborar, mas não
sabia como. Então Paula deu uma volta com ele pelas alas. Notou que em alguns
quartos não havia ventilação. O calor era grande. Foi aí que ele olhou para ela
e concluiu: “Vou comprar 16 ventiladores para estes apartamentos”. Um dia
depois o homem trouxe o dinheiro e a Santa Casa comprou os ventiladores. Ele
preferiu não ter o nome revelado. Trata-se de um voluntário, também de coração
grande. “Assim como tantos, ele é um anjo do hospital. Temos muitos, mas
queremos mais”, disse Paula. Ela também possui um objetivo em recrutar um
exército de voluntários ao hospital. “Pretendemos criar um grupo de ajuda. Quem
desejar ser membro do time basta nos ligar”, explicou.
O exemplo e a força de todos esses voluntários é apenas mais
um reflexo da própria instituição. Lá atrás, ainda na década de 80, alguns
empresários e médicos da cidade se uniram para transformar a Santa Casa. Como
não havia dinheiro, voluntariamente, decidiram fazer um trabalho de
formiguinha. De casa em casa foram pedindo tijolos, pedras, areia, cimento e
tudo mais que pudessem doar. E foi desta maneira que o atual prédio do hospital
começou a ser levantado. Ou seja, voluntários iniciaram o sonho. Hoje,
voluntários continuam o sonho. Amanhã certamente novos voluntários terão que
participar. Em suma, a Saúde neste país é apenas mais uma piada de mau gosto.
Aqui não existe dinheiro, mas sobram doentes e filas.
O que levar:
Cor erva doce – acrílica lavável – acetinada
Rolos
Pincéis
Lixas
Onde levar: Hospital Santa Casa de Campo Mourão
Telefone: 3810-2100 – ramal 2105
Falar com Paula ou Valéria